Arte coluna opinião 16 outubro 2023Paulo Márcio

Saber escolher a equipe é uma das qualidades essenciais de um chefe, seja ele treinador de equipe de futebol, educador selecionando o seu corpo docente ou um gestor público. Este com maiores responsabilidades, pois tem como missão cuidar de parcela da sociedade.

Não existe bom governante sem boa equipe e, mesmo quando as imposições políticas obrigam a uma abertura mais flexível, o chamado "núcleo duro" é fundamental, pois, além da confiança do governante, deve ter qualidades como espírito público, conhecimento e cordialidade. A escolha destes homens de maior acesso à autoridade principal reflete melhor as condições de um bom exercício de mandato ou delegação recebida, no caso dos ministros, secretários de Estado e dirigentes de estatais.

No Rio, foram significativos os auxiliares diretos de governadores. Carlos Lacerda teve um time de excelência em Raimundo de Brito e Marcelo Garcia, na Saúde, Flexa Ribeiro, na Educação, Hélio Beltrão, no Planejamento, e Veiga Brito, na grande obra do Guandu. E, no Palácio, José Zobaran Filho, Ayrton Baffa, Hugo Levy e outros.

Negrão de Lima formou um verdadeiro ministério com uma equipe de notáveis como Hildebrando Monteiro Marinho, na Saúde, Antônio Vieira de Melo, na Educação e Cultura, Alberto Cotrim Neto, na Justiça, Humberto Braga, Luiz Alberto Bahia e Carlos Costa, na Casa Civil, tendo como secretário, tipo um primeiro-ministro, Álvaro Americano, uma referência em seu tempo. E jornalistas como Carlos Chagas e Sérgio
Guimarães.
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Depois da fusão, foi a boa equipe que garantiu o excelente governo de Faria Lima. No antigo Estado do Rio, foi uma elite formada por Amaral Peixoto. 
Hoje, o governador Cláudio Castro tem uma equipe de confiança no Palácio Guanabara que coordena os trabalhos do secretariado com viés mais político, mas com programa a ser cumprido. Estão ali homens preparados e experientes como Rodrigo Abel, Nicola Miccione, Marco Simões e Igor Marques. O secretariado pede atenção pelo perfil da maioria entretanto.

Importante é que neste grupo de confiança pessoal do gestor normalmente são pessoas sem ambições políticas, que prestam verdadeiro voluntariado, trabalhando com discrição e longe dos holofotes do poder.

Nestes tempos de aparelhamento político na esfera federal e nos estados, o exemplo da orientação dos governadores, do passado e do presente, como o caso do Rio de Janeiro, deve ser conhecido.

Estes homens são os ouvidos dos governantes, vigilantes para que não surjam problemas pelo mau comportamento de indicados, afoitos, deslumbrados, ousados, pois, afinal, a cobrança sempre vai para autoridade maior.
* Aristóteles Drummond é jornalista