Aristóteles DrummondAristóteles Drummond
O Brasil vive um momento curioso. A economia está estável, há abundância nas reservas, fruto do imenso superávit da balança comercial pelo agronegócio, e inflação sob controle. Mas existe uma retração no consumo, fruto de insegurança quanto ao futuro em meio ao clima de radicalização política. O governo vive ainda da demolição do mandato a que sucede. O esforço nacional é dirigido a teses pouco relacionadas ao
crescimento da economia. Até a reforma tributária não encontrou unanimidade e é mutilada por emendas protecionistas que invalidam o que seria o seu objetivo. Não diminuiu o número de impostos, simplificou por um lado, mas complicou por outro.
Ao permanecer em campanha, o governo gasta, distribui "bondades", empurra a queda do ritmo da economia e gera a versão de que o mal está nos juros altos. Mas sabe que uma queda nos juros vai afetar os mercados.
Um dado preocupante é o de que tem crescido enormemente o número de brasileiros que transferem recursos ao exterior – no último ano, o montante foi de um bilhão de dólares, segundo dados oficiais. E dos que chegam a transferir seu domicílio fiscal para outros países. O governo finge não entender e cria mecanismos para desestimular as remessas, sem as proibir. Mas a fuga do domicílio anula qualquer taxação mais abusiva, como a sobre eventuais ganhos cambiais. Nosso IVA pode vir a ser o maior do mundo. O risco fiscal e trabalhista cresce e consolida a retração no investimento.
Assusta a política externa alinhada com China e Rússia e a preocupação de amparar com nossos recursos as economias falidas dos países que fizeram a opção por políticas de esquerda ou populistas. Ou que convivem com muita corrupção. Na área internacional, a opção é pelo aplauso da mídia esquerdista, mas com novo tipo de isolamento do país de parceiros tradicionais. EUA e União Europeia já perceberam que a nossa opção é pelo eixo China-Rússia.
A entrega da direção dos maiores fundos de pensão do país à política partidária e sindical, sem amparo nos assistidos mais relevantes, aponta para crises no médio prazo. Hoje não se faz mais travessuras como no passado. A reação é rápida.
A conta destes equívocos deve chegar antes do final do ano. Afinal, o dinheiro do tesouro nacional vem dos impostos ou do endividamento público. A carga fiscal já é grande e o endividamento provoca inflação e juros altos. Precisamos discutir desenvolvimento como prioridade e não políticas de cotas, gênero, territórios
indígenas, socorro a Argentina, falar mal dos Bolsonaros. A campanha acabou, a hora é de construir.
Como crescer então? O novo PAC não convence.
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