Aristóteles DrummondAristóteles Drummond
Nestes 60 anos da Revolução de 64 certamente a figura do presidente deposto ficará à margem do noticiário, pois a prioridade será de fundo ideológico, apresentando o movimento que uniu o Brasil foi um golpe e que no período foram cometidas arbitrariedades. Não foi bem assim.
João Goulart, um jovem fazendeiro e político gaúcho, foi adotado por Getúlio Vargas como seu herdeiro político. Teve maior identidade e fez mais companhia ao governante do que os próprios filhos. Foi uma escolha mais emocional e afetiva do que racional.
Jango era um homem cordial, não tinha carisma, foi surpreendido pela carreira que o destino lhe reservou e para a qual não estava preparado nem vocacionado. Não era de esquerda; adotou de maneira vaga a posição de "nacionalista" e de "reformista", trabalhista e populista. Reclamava das reformas que queria fazer e o Congresso não aprovava, mas, na verdade, nunca apresentou um projeto para apreciação do Legislativo.
A personalidade conciliadora o fez refém de radicais e, com o tempo, mesmo que à sua revelia, viu os comunistas assumirem relevância no governo e no discurso oficial. Não ouviu conselheiros experientes e leais como Samuel Wainer e Tancredo Neves. Sua queda foi prevista com antecedência pelo sábio político Amaral Peixoto, genro de Vargas. Foi se isolando a tal ponto que o movimento que o afastou do governo
contou com as simpatias de políticos como Ulysses Guimarães, Nelson Carneiro e até JK. E, no meio militar, com amigos como o General Amaury Kruel e seu antigo ministro da Guerra, Nelson de Melo.
Não se pode recordar o movimento sem lembrar de que o mesmo não encontrou a mais leve resistência entre militares e políticos, muito menos na população e nas lideranças sindicais apontadas como base de apoio ao então governo. O país estava cansado de crises políticas, greves, inflação, estagnação econômica. As más companhias de Goulart o levaram a se incompatibilizar com militares, empresários, ruralistas e as
classes médias então muito poderosas. Muito diferente de Vargas, que teve 20 anos de mando com o apoio de toda sociedade. Caiu e foi levado ao suicídio em 1954 também pelo comportamento de aliados.
Jango, como ficou provado, não era corrupto e nem esquerdista, foi apenas fraco diante de aliados com o entusiasmo de uma geração jovem, como ele mesmo, e se deixou levar por ideais vazios e ocos, com toques de irresponsabilidade natural nos inexperientes. Muitos fizeram o "mea-culpa". A falta de vocação e apego ao poder ficou clara com a não resistência e os anos que passou afastado de atividades políticas, envolvido com a vida rural que o encantava.
No mais, é a narrativa do ressentimento que se assistirá nestas semanas.
Jango era um homem cordial, não tinha carisma, foi surpreendido pela carreira que o destino lhe reservou e para a qual não estava preparado nem vocacionado. Não era de esquerda; adotou de maneira vaga a posição de "nacionalista" e de "reformista", trabalhista e populista. Reclamava das reformas que queria fazer e o Congresso não aprovava, mas, na verdade, nunca apresentou um projeto para apreciação do Legislativo.
A personalidade conciliadora o fez refém de radicais e, com o tempo, mesmo que à sua revelia, viu os comunistas assumirem relevância no governo e no discurso oficial. Não ouviu conselheiros experientes e leais como Samuel Wainer e Tancredo Neves. Sua queda foi prevista com antecedência pelo sábio político Amaral Peixoto, genro de Vargas. Foi se isolando a tal ponto que o movimento que o afastou do governo
contou com as simpatias de políticos como Ulysses Guimarães, Nelson Carneiro e até JK. E, no meio militar, com amigos como o General Amaury Kruel e seu antigo ministro da Guerra, Nelson de Melo.
Não se pode recordar o movimento sem lembrar de que o mesmo não encontrou a mais leve resistência entre militares e políticos, muito menos na população e nas lideranças sindicais apontadas como base de apoio ao então governo. O país estava cansado de crises políticas, greves, inflação, estagnação econômica. As más companhias de Goulart o levaram a se incompatibilizar com militares, empresários, ruralistas e as
classes médias então muito poderosas. Muito diferente de Vargas, que teve 20 anos de mando com o apoio de toda sociedade. Caiu e foi levado ao suicídio em 1954 também pelo comportamento de aliados.
Jango, como ficou provado, não era corrupto e nem esquerdista, foi apenas fraco diante de aliados com o entusiasmo de uma geração jovem, como ele mesmo, e se deixou levar por ideais vazios e ocos, com toques de irresponsabilidade natural nos inexperientes. Muitos fizeram o "mea-culpa". A falta de vocação e apego ao poder ficou clara com a não resistência e os anos que passou afastado de atividades políticas, envolvido com a vida rural que o encantava.
No mais, é a narrativa do ressentimento que se assistirá nestas semanas.
Aristóteles Drummond
Jornalista
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