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O presidente Getúlio Vargas é sempre referido pelos feitos de seus mandatos no campo social, na economia e na garantia da ordem e da segurança, que o fizeram personalidade marcante no século passado.

Mas é preciso um olhar mais profundo para o cidadão imbuído de verdadeiro sentido patriótico, na valorização do patrimônio e da memória histórica, cultural, dos valores da nacionalidade.

Lamentavelmente, por exemplo, deixou de ser cumprido o decreto presidencial de 1942 que estabelecia normas para a execução e respeito ao Hino Nacional Brasileiro. Determinava a obrigatoriedade de o hino ser cantado em todos os níveis das escolas públicas e privadas. Estabelecia que ninguém poderia ser admitido no serviço público sem demonstrar conhecer a letra do hino. Hoje o nosso hino só é cantado nas solenidades militares. E os demais, como o da Bandeira, da Independência e da Abolição, nem citados.

Vargas criou o órgão público responsável pela preservação do patrimônio histórico e arquitetônico, promoveu o culto da Inconfidência, repatriando os restos mortais dos inconfidentes mortos no degredo e fazendo de Ouro Preto “Cidade Monumento Nacional”. Hoje a cidade histórica, por trabalho de José de Aparecido de Oliveira, é “patrimônio mundial”. O emblemático Palácio Capanema, joia da arte moderna, teve sua iniciativa, ligando os jovens arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer ao genial Le Corbusier, o maior nome da arquitetura moderna. Aquele que é o mais visitado dos museus brasileiros, o Imperial, em Petrópolis, foi criado em 1940 e inaugurado por Getúlio Vargas em 1943.

Tem sumido do currículo escolar a lembrança da Guerra do Paraguai e seus heróis, como Duque de Caxias e o Almirante Marquês de Tamandaré, ambos referências de patriotismo e patronos do Exército e da Marinha. Até a Abolição não é comemorada mais na data da Lei Áurea e tem abrigo oficial negar a relevância da Princesa Izabel no evento. O “novo herói”, que em muitos municípios é homenageado com feriado, não era brasileiro e teria tido escravos nas terras que ocupou no Nordeste.

Não se justifica a frieza com que a história tem sido tratada pelos governos recentes. O chamado período militar ainda marcou presença quando criou nas escolas as aulas de moral e cívica. O presidente Castelo Branco fez de Tiradentes o “patrono cívico da Nação”, o que também não é lembrado. Em 1972, nos 150 anos de nossa Independência, o presidente Médici determinou comemorações de alto nível, instituiu a Semana da Pátria e obteve de Portugal a vinda para o Brasil dos restos mortais de Pedro I, fato importante na medida em que nosso Imperador foi também Rei de Portugal. Nos 200 anos, em 2022, o presidente era um capitão do Exército, mas não deu a menor importância ao fato, o que se justifica por ter certamente escassos conhecimentos da história pátria.
A esquerda brasileira não perdoa Vargas ter sido um estadista, afinado com os ideais da democracia, que preservou do radicalismo com o Estado Novo, apoiado pelos militares.