“E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça e lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” Mateus 6.16-18

Quando uma pessoa quer ser íntima de Deus, não é necessário demonstrar aos homens uma aparência descuidada, desmazelada, desleixada, suja, desnutrida ou abatida. Digo isso em virtude de observar que, ao longo de nossa caminhada cristã, temos presenciado que muitos exibem tristezas em seus rostos ao jejuarem para atrair a atenção por sua falsa devoção. O que a Bíblia nos mostra é que o cristão ao jejuar deve evidenciar uma afeição agradável diante de todos, onde podemos evidenciar em seus rostos o genuíno amor de Deus.
Como podemos observar, a prática do jejum é notada em toda a Bíblia entre os servos de Deus, pois estes possuíam o entendimento de que a prática do jejum era uma maneira apropriada de revigorar as suas forças para poderem suportar as complexas lutas que teriam pela frente em suas missões e até mesmo em suas vidas diárias. Desse modo, conforme observado nas Santas Escrituras, o jejum é um exercício para os servos de Deus de todas as épocas se aproximarem de dEle. Neste balanço de memórias, não podemos deixar de registrar que a Bíblia expõe, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, múltiplas citações sobre a prática do jejum:
Jejum no Antigo Testamento:
Moisés ao receber a Lei do Senhor (Êxodo 34.28); Davi ao orar por seu filho com Bate-Seba (2Samuel 12.16); o rei Josafá e seu povo jejuaram e clamaram ao Senhor quando souberam que uma grande multidão se aproximava para pelejar contra eles (2Crônicas 20.1-4); Ester ao interceder por seu povo para que não fosse exterminado (Ester 4.16); Daniel ao orar em favor dos exilados (Daniel 9.3).

Jejum no Novo Testamento:
Jesus Cristo, antes de iniciar Seu ministério (Lc 4.1-2); Paulo após seu encontro com Cristo no caminho de Damasco (At 9.8-9); a Igreja de Antioquia ao separar missionários (At 13.2-3); Paulo e Barnabé ao estabelecerem os presbíteros (At 14.23). Tomemos como exemplo a ideia-mestra de que estes jejuns foram exercitados em períodos cruciais para revestimento espiritual na vida destes personagens bíblicos, até mesmo de Cristo! Podemos perceber que Jesus, o Filho de Deus, teve uma vida dedicada não apenas a oração como também ao jejum. Ainda presenciamos nas Escrituras que o Mestre jejuou e articulou que chegaria o dia em que seus discípulos iriam jejuar assim como Ele: “Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam; e foram e disseram-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus discípulos? E Jesus disse-lhes: Podem, porventura, os filhos das bodas jejuar, enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar. Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias.” (Marcos 2.18-20).

Reparem bem que o Mestre não pronunciou que os Seus discípulos jamais iriam jejuar e, sim, que um dia iriam exercitar a prática do jejum. Assim, notamos perceptivelmente que o Mestre deixou bem claro o ensino sobre o jejum, que quando Ele retornasse ao céu e enquanto não voltasse Sua igreja iria jejuar. Confesso que às vezes nos assustamos ao ver com tristezas que, infelizmente, muitos cristãos hoje não possuem o entendimento sobre o que a Bíblia ensina sobre a prática do jejum. A via que nos chega sobre essa falta de informação se dá por duas razões: a primeira é que receberam um ensino errado e a segunda é que não receberam nenhum ensinamento sobre este tão nobre assunto.

De modo a mostrar a relevância do jejum, citamos que a prática do jejum deve fugir de toda motivação e propósito equivocado. O jejum, além de ser uma recomendação bíblica, apresenta consigo alguns princípios que devem ser seguidos. Vale lembrar que a prática do jejum para Deus não tem valor se a pessoa não se apartar da desumanidade nem estender suas mãos para auxiliar os pobres, os famintos e necessitados (Isaías 58.5-7). Jesus compara aqueles que jejuam para serem elogiados, vistos e admirados pelos homens aos hipócritas. Estes ao jejuarem tinham por costume ficarem imundos e barbudos para serem reconhecidos pelos homens por suas devoções. Ou seja, o exercício do jejum havia se transformado em uma simples solenidade, sem conteúdo genuinamente espiritual. Por isso, Jesus nos adverte: “Para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto”.

Convém estarmos atentos ao que Cristo nos ensina, a sermos moderados em nossas manifestações de compaixão, ou seja, não devemos usar as nossas devoções como pretexto para sermos admirados pelos homens. O galardão do verdadeiro jejum será outorgado por Deus em secreto, para evitar a aclamação dos homens. O que predomina na fala do nosso Senhor é que aquele que jejua publicamente receberá galardão humano, entretanto, aquele que o empreende em secreto será galardoado pelo Senhor. Com isso, chegamos à conclusão de que na Nova Aliança o Mestre instruiu que cristão não precisa gabar-se do que faz e nem atrair os olhares dos homens sobre si mesmo. Cabe a cada um de nós agir conforme as instruções do Senhor e não buscar louvor da parte dos homens, pois o Pai que nos vê em secreto nos recompensará.

ORAÇÃO DO DIA:
Nossa oração hoje é para que o jejum passe a fazer parte do nosso cotidiano. Que Ele nos ajude a combater o pecado da ostentação e do exibicionismo, para não nos tornarmos egoístas. Neste sentido, nossa oração deve ser para exercitarmos a prática do jejum diante da presença do Pai que está nos céus, pois somente Ele nos recompensará.

Fonte: Livro “Ser Relevante”, Autor: Bispo Abner Ferreira, Editora Betel.