Antonio Carlos de Almeida Castro, o KakayCarlos Humberto/STF
Há documentos que precisam ser examinados. Nos últimos dois anos, a associação dos Yanomamis enviou 21 ofícios com pedidos de providências que foram desprezados. Urge analisar e responsabilizar as ações e as omissões praticadas pelo ministério da alucinada Damares que demonstram que ela e o chefe da quadrilha, o então presidente da República, negaram leitos de UTI, itens de higiene pessoal, produtos de limpeza e materiais para o enfrentamento do vírus e da crise sanitária, como ventiladores pulmonares para os indígenas no auge da pandemia, entre outros descalabros. Essa mulher é um verme que corrói qualquer estrutura humanista. É o que existe de mais cruel. A imagem da ignorância e do atraso. Eles são essencialmente maus, covardes, fascistas e racistas.
Os dados divulgados são alucinantes: em quatro anos de governo Bolsonaro, morreram 570 crianças indígenas. Dessas, 99, com idade entre um e quatro anos, morreram no ano de 2022 por desnutrição, contaminação por mercúrio, malária e fome; 79% das crianças estão subnutridas; 11 mil casos de malária em uma população de 30 mil índios; desvio de medicamentos e inúmeros outros casos de abuso e corrupção. Enfim, um estado de calamidade com o governo de costas para os brasileiros e escolhendo os índios como alvo de extermínio. Crime. Genocídio. Barbárie.
Como nos ensinou o líder dos Yanomami, Davi Kopenawa, no seu livro 'A queda do céu': "Os brancos dormem muito, mas só conseguem sonhar com eles mesmos". É importante resgatar o discurso de campanha do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, quando ele expressamente afirmou que “as minorias têm que se curvar para as maiorias”. E, ousada e criminosamente, complementou que, “se as minorias não se curvassem, iriam desaparecer”. É exatamente o que o governo Bolsonaro fez com os índios, especialmente com a nação Yanomami: uma definição clássica e acadêmica do que é genocídio.
Mas há mais! Em 1998, o então obscuro deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro apresentou à Câmara um projeto de decreto legislativo que pretendia tornar sem efeito a reserva Yanomami e o discurso do fascista era assustador. Confiram:
“Até vale uma observação neste momento: realmente, a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e, hoje em dia, não tem esse problema em seu país.”
Quando em junho de 2021, em plena pandemia, comecei a gritar e a pedir o enquadramento por genocídio do fascista Bolsonaro, os acadêmicos e professores entendiam ser exagero. Hoje, milhares de mortos depois, e com a quase extinção do povo Yanomami, o mundo inteiro olha para o Brasil e se rende a uma necessidade humanitária: vamos condenar Bolsonaro e seus asseclas assassinos por genocídio para que a barbárie não se repita.
É o que a humanidade pede e espera. E é o que nós merecemos. O Brasil merece, em memória e honra dos que se foram e poderiam estar aqui. Como nos ensinou Jorge Luis Borges: “Sempre a selva, sempre o duelo. Peito a peito e face a face. Viveu matando e fugindo. Viveu como se sonhasse”.
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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