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Com o fortalecimento da extrema direita, o mundo passa por um momento muito delicado que coloca em risco valores democráticos e humanistas reunidos em séculos de história. A sanha predatória da direita mais desqualificada pressupõe a derrubada de conquistas civilizatórias, que não representam um ou outro partido político, mas o acúmulo de conhecimento de gerações em nome de um mundo mais justo, mais igual e mais solidário.
Quando o Presidente Lula resolveu enfrentar o então presidente Bolsonaro, que buscava a reeleição, ele deixou explicitado que aquela eleição era o confronto entre a barbárie e a civilização. Ele me disse exatamente isso, na minha casa, quando da festa da diplomação no Tribunal Superior Eleitoral.
Se a extrema direita tivesse conseguido a reeleição do Bolsonaro, o país estaria em um abismo sem fundo. O desmantelamento de todas as conquistas civilizatórias e o fim de todos os avanços sociais são a base desse grupo que preza ser machista, armamentista, misógino, racista e preconceituoso. A política de terra arrasada visa formar indivíduos sem análise crítica e não cidadãos conscientes. Um grupo que possa ser tangido como gado.
Os sinais são tão preocupantes que começa a haver um movimento, também mundial, para derrotar a extrema direita em qualquer eleição. Na eleição brasileira, foi preciso fazer um leque amplo de apoio, além do PT, partido do então candidato Lula, para derrotar o cancro bolsonarista. Foi um sinal para o mundo. Para estancar o avanço perigoso desses extremistas, é necessário estratégia política. O aviso era claro: vale a pena compor até com uma direita civilizada – sim, ela existe - para afastar a chance de permitir que os métodos que se aproximam do fascismo dominem o mundo.
Recentemente, a França deu indicativo de maturidade política e, para impedir a entrada da extrema direita no poder, fez um arriscado e ousado jogo político que surtiu efeito. Os fascistas já comemoravam a chegada ao governo quando o Parlamento foi dissolvido e novas eleições foram convocadas. A parcela mais jovem da população foi expressivamente às urnas. Vários candidatos retiraram suas candidaturas para apoiarem outros com mais chance - algo raro de se ver na política - e um surpreendente leque se formou para impor uma derrota significativa aos radicais de direita.
E agora, ainda que por motivos não completamente claros, o mundo foi surpreendido com a carta do Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciando a retirada da sua candidatura à reeleição e o apoio à sua vice, Kamala Harris, na disputa da Casa Branca.
Sei que ela é muito conservadora e claramente punitivista. Foi uma promotora dura, mais dura com os menos favorecidos. Teve um papel questionável no controle da imigração na fronteira com o México e se portou muito mal no massacre na Palestina. Mas o que mais importa agora é barrar a eleição de Donald Trump. E vê-lo ser derrotado por uma mulher, negra, filha de uma indiana e de um jamaicano, não tem preço. A Democracia agradece.
Com sua habitual ironia e sagacidade, o velho Winston Churchill disse: “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”.