Turma de Educação de Jovens e Adultos da Prefeitura de Campos: aprendizado gera oportunidadeMauro Antônio/Prefeitura de Campos

Gênio do Renascimento, o pintor Leonardo da Vinci só aprendeu a ler e escrever na adolescência. Malcolm X, ativista dos direitos civis nos EUA, alfabetizou-se já adulto, na prisão, copiando páginas inteiras de dicionários. Uma das vozes mais relevantes da literatura brasileira, a poetisa goiana Cora Coralina lançou seu primeiro livro quando tinha 75 anos de idade.
A lição que essas trajetórias nos deixam é clara: nunca é tarde para aprender e realizar sonhos. Ainda que a vida imponha obstáculos, sempre existe a possibilidade de superá-los. É por isso que defendo com tanta convicção a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Esse programa tem permitido que milhares de pessoas impedidas de se alfabetizar na idade certa encontrem novas oportunidades de reconstruir sua história.
E os resultados dessa transformação vão além da realização pessoal — eles aparecem também em números. Um estudo realizado pela Fundação Roberto Marinho, em parceria com o Itaú Educação e Trabalho, baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, mostra que os beneficiados pela EJA no Brasil têm um aumento de 7% na empregabilidade e de 4,5% na renda.
Os impactos são ainda mais expressivos entre jovens de 19 a 29 anos que concluíram o programa. Nesse grupo, a taxa de emprego formal cresce 9,6% e a renda média sobe 7,5% em comparação a pessoas sem escolaridade básica. Entre os que participaram de acompanhamentos bimestrais durante um ano, a formalização do trabalho avançou de 42,3% para 49,4%.
Diante desses dados, os pesquisadores destacam a urgência de fortalecer políticas públicas voltadas para a modalidade, já que o público-alvo soma cerca de 66,6 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais sem concluir a educação básica. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, 11,4 milhões de pessoas ainda são analfabetas.
A EJA não é apenas uma política educacional, mas uma estratégia de inclusão social e cidadania. Ao abrir portas para o mercado de trabalho, ela amplia horizontes e devolve dignidade a milhões de brasileiros. Investir nessa modalidade é, portanto, investir em um futuro mais justo, com mais oportunidades e menos desigualdades.
Aprender a ler e a escrever é como abrir uma janela secreta para um universo infinito. As letras, antes apenas riscos dispersos, revelam mundos guardados no silêncio do papel. Cada palavra ganha corpo e alma. Cada frase ergue pontes entre o real e o imaginário. Nesse despertar, a vida se veste de novas cores e horizontes.
Sabiamente escreveu Cora Coralina: “Recria tua vida, sempre. Sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça”.