Investimentos em ciência, inovação e reformas estruturais são essenciais para o Brasil crescer em ritmo mais aceleradoAscom/Faperj
Economistas alertam: falta de inovação trava o Brasil
Vencedores do Prêmio Nobel de Economia defendem que ciência, tecnologia e planejamento de longo prazo são essenciais para o crescimento do país.
Na economia contemporânea, ciência, tecnologia e inovação são pilares indispensáveis para o desenvolvimento sustentável e para a competitividade das nações. Países que investem de forma contínua na geração de conhecimento e em políticas de estímulo à pesquisa e ao avanço tecnológico ampliam sua produtividade, reduzem desigualdades e fortalecem sua soberania econômica. O Brasil, contudo, segue aquém desse potencial — e cresce menos do que poderia justamente pela falta de investimentos estruturais nessas áreas.
Essa é a avaliação de dois dos maiores economistas da atualidade — James Robinson (Prêmio Nobel de Economia de 2024) e Paul Romer (vencedor do Nobel em 2018). Eles participaram recentemente de um evento promovido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) em São Paulo (SP). Os dois foram unânimes em apontar que o atraso tecnológico e a ausência de uma estratégia nacional de inovação comprometem a competitividade do país e o seu crescimento de longo prazo.
Paul Romer, criador da teoria do “crescimento endógeno”, defende que o avanço econômico depende diretamente da capacidade de uma sociedade gerar e aplicar conhecimento. Segundo ele, a inovação e o desenvolvimento tecnológico são motores da produtividade, e o Brasil precisa encarar o investimento em ciência como uma prioridade nacional.
Sem investimento em conhecimento, alerta Romer, o país continuará dependente da exportação de commodities e sujeito às oscilações do mercado internacional. Ele argumenta que, enquanto outras nações constroem economias baseadas em tecnologia e educação, o Brasil ainda patina em políticas de curto prazo e deixa de aproveitar seu imenso potencial humano e científico.
James Robinson, autor do livro “Por que as nações fracassam”, ressaltou que a polarização política e a fragmentação institucional agravam o cenário. Para ele, a falta de consenso entre as lideranças nacionais e a ausência de planejamento de longo prazo impedem o país de adotar uma política sólida de ciência, tecnologia e inovação. Robinson afirma que o Brasil tem capital humano e recursos suficientes para definir seu próprio destino, mas que falta clareza estratégica e vontade política para convergir em torno de um projeto de país.
Romer e Robinson concordam que o Brasil reúne as condições necessárias para se tornar uma potência regional em tecnologia e inovação, desde que rompa com o ciclo de dependência e invista de forma planejada em educação científica, infraestrutura tecnológica e pesquisa aplicada.
O alerta dos economistas é direto: sem ciência, inovação e reformas estruturais, o país continuará crescendo pouco e de forma desigual. Mas, com uma estratégia nacional de longo prazo — que una educação, tecnologia, sustentabilidade e estabilidade política — o Brasil pode acelerar seu desenvolvimento e assumir papel de destaque na nova economia global baseada em conhecimento.

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