A chef de cozinha Marina Thimothio e o empresário Ryan Abreu são tutores da Bird, uma calopsita fêmea que está completando 5 anosfotos Divulgação
Pássaros de estimação precisam de proteção no inverno
Veterinária explica sinais de alerta, como aquecer o ambiente e alimentação correta na estação mais fria do ano
Com a queda das temperaturas, aumentam os riscos para a saúde dos companheiros mais leves e cantantes: os pássaros. Apesar de transmitirem leveza, alegria e beleza por onde passam, essas aves de estimação podem ser extremamente sensíveis ao frio, principalmente as tropicais, como canários, periquitos e agapórnis. A hipotermia, por exemplo, pode levar à morte se não for percebida a tempo.
Especialista alerta para espécies mais vulneráveis
A médica veterinária Morgana Prado, especializada em animais não convencionais do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas (SP), explica que nem todos os pássaros sentem o frio da mesma forma. “Algumas espécies são naturalmente mais resistentes, enquanto outras sofrem muito com as baixas temperaturas”, afirma.
As mais vulneráveis costumam ser pequenas aves tropicais, como o canário (Serinus canaria), o periquito-australiano (Melopsittacus undulatus) e o agapórnis (Agapornis roseicollis). Já calopsitas, maritacas e papagaios têm sensibilidade moderada, enquanto pombos, rolinhas e galinhas se adaptam melhor ao frio.
Sinais de sofrimento exigem atenção
Saber interpretar os sinais é essencial, já que os pássaros são discretos e tendem a esconder sintomas por instinto de sobrevivência. “Penas eriçadas, quietude excessiva, pés frios, respiração alterada e postura encolhida são sinais de que a ave está sofrendo com o frio”, alerta Morgana.
Sintomas mais graves, como tremores intensos, respiração ofegante, mucosas azuladas ou a ave deitada no fundo da gaiola, exigem atendimento veterinário imediato.
Como aquecer com segurança
Proteger as aves de correntes de ar é uma das principais medidas. “A gaiola deve ficar longe de janelas e portas, sempre acima da linha do chão. Cobrir à noite com uma manta grossa — deixando uma fresta para ventilação — também ajuda. Mas nunca use plásticos, pois abafam e acumulam gases tóxicos”, recomenda a veterinária.
Se for preciso aquecer o ambiente, o ideal são lâmpadas de cerâmica com termostato ou aquecedores próprios para animais, mantendo a temperatura entre 22 °C e 28 °C para espécies mais sensíveis. “Lareiras, velas, aquecedores a gás, secadores de cabelo e lâmpadas comuns estão fora de cogitação”, enfatiza.
Tutora conta rotina de cuidados
A chef de cozinha Marina Thimothio da Rosa e o empresário Ryan Abreu Verinaud são tutores da Bird, uma calopsita fêmea que está completando cinco anos. Eles relatam a rotina de cuidados nos dias mais frios. “Mantemos a janela do quarto dela fechada, colocamos um cobertor no chão embaixo da gaiola e cobrimos com outro cobertor. Quando o clima está mais ameno, usamos uma canga”, conta Marina.
A alimentação também muda. “Ofertamos papinha morna, que ela gosta desde bebezinha”, diz. Mesmo no frio, Bird mantém seus hábitos: “Ela fica um pouco mais quietinha, mas continua com seus voos matinais, exibicionismo no espelho e andanças pela casa parecendo um aviãozinho!”, brinca a tutora.
Nutrição ajustada no frio
No inverno, os pássaros gastam mais energia para manter a temperatura corporal, o que exige atenção na dieta. “Sementes oleaginosas são bem-vindas, assim como fontes leves de proteína, como ovo cozido. Frutas e vegetais devem ser oferecidos em temperatura ambiente”, orienta Morgana.
Ela também reforça a importância da hidratação. “Se o pássaro for idoso, estiver mudando as penas ou tiver histórico de doenças, a suplementação vitamínica pode ser indicada, sempre com orientação profissional”, diz. Vitaminas como A, C, E e as do complexo B ajudam a fortalecer a imunidade.
Banhos: quando e como dar
A higiene segue essencial, mas com adaptações. “Aves saudáveis podem tomar banho se o ambiente estiver aquecido, sem vento, e se houver possibilidade de secagem completa ao sol filtrado ou próximo a uma janela protegida”, explica Morgana.
A água deve estar morna ao toque, nunca quente, e o melhor horário é entre 11h e 15h. Para aves idosas, doentes, muito jovens ou em muda, o ideal é substituir o banho por panos úmidos ou lenços específicos vendidos em pet shops, sem fragrância, álcool ou sabão.
Cuidados especiais com viveiros
Aves criadas soltas em viveiros ou aviários precisam de atenção redobrada, pois ficam mais expostas. É essencial oferecer abrigo, ninhos fechados, laterais protegidas do vento, piso seco e substrato limpo. “Em alguns casos, dependendo da espécie, o uso de aquecimento localizado pode ser necessário”, orienta a veterinária.
Infecções respiratórias são mais comuns
No frio, infecções respiratórias — como rinites, sinusites, bronquites e pneumonias — são mais comuns, além de problemas digestivos e dificuldades na muda. Espirros, secreções nas narinas, respiração ruidosa, letargia e penas eriçadas são sinais de alerta.
“Quanto antes o atendimento for iniciado, maiores as chances de recuperação”, destaca Morgana. “Check-ups regulares são fundamentais — o ideal é ao menos uma vez por ano, ou a cada seis meses, principalmente nas trocas de estação”, finaliza.
Cuidados especiais para cães
Assim como os pássaros, cães também sentem frio, principalmente os de pequeno porte, pelagem curta, filhotes, idosos e animais debilitados. Durante o inverno, eles podem desenvolver problemas respiratórios, dores articulares e desconforto térmico. Para proteger os cães, é fundamental disponibilizar uma cama ou casinha isolada do chão, com cobertores ou mantas laváveis. Em casas com piso frio, tapetes ajudam a reduzir o contato direto com superfícies geladas.
Passeios devem ser feitos preferencialmente nos horários mais quentes do dia, evitando vento forte e chuva. Roupinhas podem ser usadas para raças mais frágeis, mas devem ser do tamanho certo e retiradas se ficarem úmidas. A pelagem nunca deve ser tosada muito curta no inverno, pois funciona como proteção natural. A água para beber deve ser trocada com frequência para não gelar.
Banhos podem ser espaçados e devem ser realizados com água morna e secagem completa com toalha e secador morno, sempre em local sem correntes de ar. Cães que dormem fora de casa devem ter abrigo bem vedado, sem entradas de vento e, de preferência, elevado do chão.
Proteção para gatos
Gatos, mesmo mais independentes, também buscam lugares quentes e podem sofrer com o frio. Animais idosos, filhotes ou com doenças crônicas precisam de mais atenção. Para mantê-los confortáveis, é indicado oferecer cobertores, camas macias e caixas de papelão com mantas, além de manter janelas bem fechadas para evitar correntes de ar.
Em casas frias, aquecedores próprios para pets podem ajudar, mas é importante garantir que o animal possa se afastar do calor se quiser. Velas, lareiras e aquecedores improvisados não são recomendados, pois representam risco de incêndio e queimaduras. Assim como para os cães, a água deve estar sempre limpa e em temperatura ambiente, evitando recipientes de metal que gelam facilmente.
Gatos costumam reduzir a ingestão de água no inverno, o que pode favorecer problemas urinários. Por isso, incentivar o consumo de água fresca e úmida — com sachês ou fontes — ajuda a manter a saúde em dia. Banhos não são indicados nesta época, a não ser por recomendação veterinária.
Atenção redobrada no inverno
Seja qual for o animal de estimação, o inverno exige uma rotina de cuidados extra. Alimentação balanceada, ambiente protegido, abrigo confortável e observação constante são as melhores formas de prevenir doenças típicas da estação mais fria do ano. O acompanhamento veterinário periódico garante a saúde e o bem-estar dos bichinhos durante todo o inverno — e em todas as outras estações.






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