padre21junARTE KIKO
O século passado foi arrasado por duas guerras mundiais devastadoras, deixando cicatrizes profundas na humanidade. Hoje, infelizmente, continuamos a viver sob o peso de inúmeros conflitos espalhados pelo mundo como que em fragmentos de uma guerra contínua. Diante dessa realidade, é difícil afirmar se vivemos em tempos mais ou menos violentos do que no passado. Talvez os meios modernos de comunicação e a mobilidade global nos tornem mais conscientes da violência — ou, paradoxalmente, mais habituados a ela.
Seja como for, esta violência, em suas múltiplas formas e níveis, continua a causar um sofrimento imenso: guerras em diferentes nações e continentes, terrorismo, criminalidade, ataques armados e imprevisíveis. A dor se tornou, para muitos, parte do cotidiano.
Jesus também viveu em tempos de violência. Mas Ele nos revelou que o verdadeiro campo de batalha é o coração humano: “É do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos” (Mc 7,21). É ali que a paz ou a violência encontram origem. Ainda assim, a resposta de Cristo foi profundamente positiva: anunciou o amor incondicional de Deus, que acolhe, perdoa e transforma. Ensinou-nos a amar os inimigos, a perdoar sem limites e a oferecer a outra face.
Ao impedir que a mulher adúltera fosse apedrejada, e na noite antes de morrer quando ordenou a Pedro: “Guarda a tua espada na bainha”, Jesus traçou com clareza o caminho da não-violência — caminho que Ele mesmo percorreu até a cruz, onde estabeleceu a verdadeira paz e destruiu a hostilidade.
Hoje, ser discípulo de Cristo é também aderir, com coragem e fidelidade, à sua proposta de não-violência. A história mostra que, quando praticada com firmeza e coerência, a não-violência é capaz de resultados impressionantes. A paz mundial pode parecer um ideal distante, quase inatingível. Mas nada é impossível para Deus, especialmente quando nos unimos a Ele em oração.
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