Ide consertar as redes

Vivemos hoje imersos em uma nova cultura, profundamente marcada pela tecnologia. Diante dessa realidade, torna-se essencial garantir que essa cultura permaneça verdadeiramente humana. A ciência e a tecnologia influenciam cada vez mais o nosso modo de viver — e, por vezes, até mesmo a forma como compreendemos a nós mesmos, nos relacionamos com os outros e com Deus. No entanto, tudo aquilo que nasce da criatividade humana jamais deve ser usado para diminuir a dignidade do próximo.

Ao longo da história, a Igreja nunca permaneceu indiferente diante das mudanças culturais e tecnológicas. Sempre buscou discernir os sinais dos tempos, iluminando cada época com a luz e a esperança de Cristo, separando o bem do mal, acolhendo o que era bom e ajudando a melhorar o que precisava ser transformado.

Hoje, enfrentamos o desafio de uma cultura onde a tecnologia está presente em quase todos os aspectos da vida — especialmente com o avanço da inteligência artificial, que inaugura uma nova era. Diante disso, somos chamados a refletir sobre a autenticidade do nosso testemunho cristão: estamos realmente ouvindo e comunicando com verdade? Temos a responsabilidade de construir juntos um pensamento e uma linguagem que sejam capazes de expressar o amor.

Mais do que produzir conteúdos, trata-se de criar espaços de encontro. Espaços onde possamos ir ao encontro dos que sofrem, dos que precisam conhecer a Deus para que suas feridas sejam curadas, suas vidas restauradas e encontrem um novo sentido.

Em um encontro recente com influenciadores digitais, o Papa Leão XIV recordou que Jesus chamou seus primeiros apóstolos enquanto eles consertavam suas redes de pesca. E destacou que hoje, o Senhor nos chama a construir novas redes: redes de relações, de amor, de partilha gratuita — redes onde a amizade seja autêntica e profunda. Redes onde o que está quebrado possa ser restaurado, onde a solidão encontre consolo. Redes que não busquem números, mas que revelem, em cada encontro, a grandeza infinita do amor.