Manhã fria, aquecendo o esqueleto na lida de varrer o quintal. O sol chegando e também o Ibiapina, gritando meu nome da porteira. Ele trouxe carvão para manter o estoque em dia:
- Aproveito e vou acendendo a churrasqueira e explicou: - Tá frio e, assim o ambiente fica aquecido.
- Aproveito e vou acendendo a churrasqueira e explicou: - Tá frio e, assim o ambiente fica aquecido.
Pronto, foi dada a partida para mais um encontro da terceira idade na caverna, aqui no Principado da Água Santa. O cardápio, com reforço de carne de frango, não me agrada em nada. Detesto tal carne. Sou fã da de boi, porco e peixe. Mas, como estamos em uma democracia, fiquei quieto.
Ah, maravilha: lembrei do pacote de linguiça caseira, recém-chegado de Minas Gerais, feita no interior, bem na roça, despachada pela primogênita Claudia. Ó trem bão!
O preço do boi no açougue, atualmente, está de arrepiar cabelo em careca. Derruba qualquer orçamento. E, no fundo do freezer, ainda tem um pernil de uns seis quilos. Este era da reserva técnica. Eu disse que era? Ora, já está descongelando, e vai para a brasa, mora?
E Júlio chegou. Trouxe garrafão de vinho, tipo verde, a moda portuguesa. E Fred foi dando a dica:
- Vinho para ser bebido na temperatura ambiente, saboreando o paladar.
Parei com a minha lida no quintal. Lembrei das broas caseiras, preparadas na noite anterior, obra da patroa. Preparei, então, o molho com azeite português e deixei na tigela com cebola, tomate, pimentão e salsa. De lamber os beiços! Engraçado, ninguém falou ou pensou no cafezinho matinal. Não combina com o cardápio.
Adilcinho e o vizinho de bombordo tocaram o sino da porteira da trouxeram lombo e costelinhas de porco. O vizinho dos fundos, alertado pela fumaça misturada com o cheirinho de carne assando, correu até ao quintal. Abraçado a uma a garrafa com conhaque francês. E explicou:
- Ganhei na rifa.
Caramba, em plena manhã de quinta-feira. Pensei na dieta. Quase fui às lágrimas. Resisti bravamente e fiquei na limonada, sem açúcar e sem afeto. Afinal, tinha consulta no meio da tarde, com o doutor Adolfo. Respeitei a dieta draconiana. Pelo menos neste dia. No gramofone, Taiguara não perturbou a conversa. Ficou no volume 2 do som do aparelho.
Eita, o vizinho de boreste surgiu com 10 quilos de coração de frango. Nem olhei para o produto. E, então, começou a conversa sobre o presidente americano, um tal de Trump.
As declarações do cara, estapafúrdias, viraram gozações. A ideia de anexar a Groelândia e o Canadá ao território americano. O Fernando, que havia chegado da Serra, degustando uma coxa de frango, mandou a pergunta:
- Esse cara bebe?
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