Marcelo Calero, secretário municipal de Cultura do RioSamuel Barcelos
Secretário de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Calero já havia assumido a mesma função, em 2015, também sob mandato do prefeito Eduardo Paes. Na pasta, foi responsável pela entrega do Museu do Amanhã, um dos principais museus do Rio, revitalizou bibliotecas municipais e antigas lonas culturais, transformando-as em Bibliotecas do Amanhã e Areninhas Cariocas, além de financiar 85 iniciativas de pequeno porte pela cidade. Em entrevista à coluna, Calero falou sobre investimentos no setor. “No início do ano, a pedido do prefeito Eduardo Paes, lançamos o Viva a Cultura Carioca, o maior plano de investimentos da história da cidade, com mais de R$ 349 milhões para a Cultura, o maior investimento per capita do Brasil. A maioria destes recursos, cerca de 80%, vem de fontes próprias da Prefeitura”, disse.
O DIA: Secretário, a insegurança pública é um problema objetivo que dificulta o ir e vir das pessoas. Como a área da Cultura pode contribuir para tornar o ambiente mais sereno?
MARCELO CALERO: A Cultura tem um papel primordial na moldagem de uma sociedade mais democrática, unida, informada e segura. Ela é capaz de criar pontes, de unir pessoas e de promover uma reflexão sobre a nossa experiência civilizatória comum. Além de ser uma incrível plataforma de expressão de experiências sensoriais e artísticas singulares, a cultura também é uma ferramenta de transformação social que une pessoas de diferentes contextos e de diferentes vivências. Quando investimos em cultura, construímos laços de inclusão, tolerância e educação. Esses projetos democratizam e revitalizam espaços públicos, criam oportunidades e impulsionam o desenvolvimento econômico, assegurando acesso igualitário a experiências culturais enriquecedoras. A cultura, além disso, possui o poder de integrar e oferecer oportunidades para muitos jovens, incentivando-os a se envolverem em atividades construtivas, reforçando o sentimento de pertencimento comunitário. Em uma perspectiva mais ampla, ao valorizarmos a cultura, reforçamos indiretamente a segurança, cultivando ambientes mais harmoniosos, coesos e com cidadãos mais cientes de seu papel na sociedade. É por isso que a cultura é essencial na construção de uma cidade mais segura, fraterna e, primordialmente, democrática.
O senhor está entusiasmado com o plano de investimentos na Cultura e apresentou um programa de modernização. Do que consiste esta virada?
No início do ano, a pedido do prefeito Eduardo Paes, lançamos o Viva a Cultura Carioca, o maior plano de investimentos da história da cidade, com mais de R$ 349 milhões para a Cultura, o maior investimento per capita do Brasil. A maioria destes recursos, cerca de 80%, vem de fontes próprias da Prefeitura. O que só reforça o compromisso do prefeito com o setor após os difíceis anos de pandemia da Covid-19. No âmbito do plano de investimentos, está o “Cultura do Amanhã”, o mais ambicioso programa de modernização e requalificação dos equipamentos culturais da rede municipal. São ao menos 20 espaços em obras, entre lonas, arenas, areninhas, teatros, museus e centros culturais. Estamos investindo mais de R$ 75 milhões e a previsão de conclusão é em meados de 2024.
O que se pode esperar da aplicação da Lei Paulo Gustavo?
Os repasses da Lei Paulo Gustavo somam aproximadamente R$ 47 milhões destinados à cidade. Do total, R$ 13 milhões são investidos diretamente na Cultura, enquanto R$ 34 milhões são, obrigatoriamente, alocados no setor audiovisual, por meio da RioFilme. Com o objetivo de democratizar, garantir integridade e transparência na distribuição dos recursos da Lei Paulo Gustavo, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio lançou três editais, visando selecionar mais de 300 propostas culturais em toda a cidade. O edital Pró-Carioca Diversidade Cultural destina R$ 4 milhões da Lei Paulo Gustavo a quatro linhas principais: Cultura Sem Limites, Cultura Antirracista, Cultura LGBTI+ e Cultura Religiosa, com R$ 1 milhão alocado para cada segmento. O Ações Locais, retomado pela Secretaria Municipal de Cultura, visa financiar iniciativas que causem impactos positivos nos territórios do Rio, dividindo-se em três linhas de atuação: Continuidade de Iniciativas (R$ 50 mil por selecionado), Projetos (R$ 40 mil) e Organizações e Empreendimentos (R$ 80 mil), somando um investimento total de R$ 7 milhões. O programa Viva o Talento disponibiliza R$ 2,2 milhões para apoiar 151 propostas artísticas e educativas-culturais destinadas à programação de equipamentos culturais e espaços públicos, com ênfase na inclusão e diversidade, destinando porcentagens específicas dos recursos para ações afirmativas direcionadas a artistas negros, indígenas e medidas de acessibilidade.
O que significa na prática o Rio de Janeiro ter sido agraciado com o título Capital Mundial do Livro?
O Rio de Janeiro carrega uma inegável vocação histórica como capital cultural do Brasil, reconhecida internacionalmente. O título de Capital Mundial do Livro é concedido anualmente pela UNESCO a uma cidade que demonstrou excelência em suas iniciativas de promoção literária. O Rio tem a honra de ser a primeira cidade brasileira e lusófona a ostentar este título. A partir de 23 de abril de 2025, data em que se comemora o Dia Mundial do Livro, o Rio assumirá este importante papel. Durante esse período, a cidade será responsável por estimular a literatura e liderar as atividades relacionadas ao evento. E, antecipando-se a esse momento, já em 2024, a Prefeitura do Rio dará início às ações preparatórias como Capital Mundial do Livro.
O programa Cadeira Cativa está de volta. Como vai funcionar agora?
Está de volta e mais robusto, democrático e alinhado às novas tecnologias. O Cadeira Cativa vai fornecer ingressos para espetáculos culturais e artísticos, englobando áreas como dança, música e teatro, a profissionais da educação e grupos socialmente minorizados, incluindo pessoas de baixa renda, beneficiários de projetos sociais e instituições como ONGs, universidades e escolas públicas. O objetivo é chegar a 3.000 espectadores até o fim do ano. É só entrar em nosso site para ver como participar. cultura.prefeitura.rio.
Nos conte as novidades que virão com o Teatro Municipal Domingos Oliveira...
O Teatro Municipal Domingos Oliveira, antigo Maria Clara Machado, no Planetário da Gávea, voltou a funcionar ainda melhor. Ele estava fechado desde o início da pandemia e foi totalmente renovado graças ao esforço da Secretaria Municipal de Cultura e o nosso programa de reforma, modernização e requalificação, o “Cultura do Amanhã”. O evento de abertura lotou o teatro com a aclamada peça “Tom na Fazenda”, dirigida por Rodrigo Portella e idealizada por Armando Babaioff. E esse é apenas o começo: o teatro sediará diversas outras peças, além de eventos musicais, literários e poéticos.
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