João Grangeiro, diretor médico executivo da ABBRLeonardo Minardi

Diretor médico executivo da AABR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), João Grangeiro tem vasta experiência na área. Mestre em Traumato Ortopedia pela UFRJ, é membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação, tem MBA executivo médico pela COPPEAD UFRJ, além de ter ocupado os cargos de diretor-geral do INTO-MS no biênio 2019-2020 e diretor médico dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos da Rio 2016. Em 71 anos, a instituição atende cerca de 1.200 pacientes por dia e reabilitou mais de 400 mil.

SIDNEY: Qual é a importância da ABBR na história da reabilitação brasileira?

JOÃO GRANGEIRO: É uma importância extremamente relevante. A ABBR, fundada em 1954, pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, juntamente com a Sociedade Carioca e médicos, surgiu para que pudesse amparar e tratar as vítimas de uma epidemia de poliomielite. A doença, como todos sabem, gera uma série de sequelas músculo esqueléticas, denominada como paralisia infantil. E aqui, então, começa a se dar todo tipo de suporte médico, principalmente para crianças. É aqui também, no final da década de 50, que se cria a primeira faculdade de fisioterapia no Brasil, onde o foco era formar profissionais para que pudessem replicar os seus conhecimentos do que vinha acontecendo no Brasil pelo mundo afora, dando o suporte necessário à instituição, sobretudo a essas crianças.

Com a diminuição dos casos, o tratamento da poliomielite ainda é um dos mais procurados?

Com a redução dos casos da doença, o foco se ampliou. Hoje, a instituição atende tanto crianças quanto adultos com diferentes necessidades de reabilitação. Entre as crianças, os casos mais comuns são de paralisia cerebral, mielomeningocele (defeito congênito em que a coluna e a medula espinhal não se fecham completamente), autismo e outras patologias raras da infância. Já entre os adultos, predominam pacientes que sofreram acidentes de trânsito, tiveram acidente vascular cerebral (AVC) ou apresentam doenças neurológicas degenerativas, como esclerose lateral amiotrófica (ELA) e Parkinson. Assim, a ABBR deixou de ser referência apenas em poliomielite e se consolidou como um centro completo de reabilitação para diversas condições.

Como é o tratamento para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA)?

Hoje somos um centro especializado em reabilitação na categoria 2, ou seja, trata tanto pacientes que necessitam de reabilitação física quanto intelectual. Os pacientes com espectro autista se encaixam perfeitamente nesta categoria. O tratamento é multidisciplinar, feito por diferentes profissionais, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.

Os serviços particulares prestados pela ABBR têm preços acessíveis? Essas consultas possibilitam um equilíbrio financeiro da instituição?

É importante ressaltar que a ABBR é uma associação privada, sem fins lucrativos. Com isso, ela não só presta serviço aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), que são encaminhados pelo sistema de regulação e são tratados gratuitamente, como também atende na área de reabilitação física e intelectual de maneira particular, a preços absolutamente acessíveis à população de uma maneira geral.
Qual a importância das doações para a instituição?

As doações são fundamentais para a ABBR manter sua missão social. Elas complementam os recursos obtidos com atendimentos e convênios, permitindo subsidiar pacientes sem condições de custear o tratamento, investir em infraestrutura e equipamentos, capacitar profissionais e ampliar programas sociais de inclusão. Assim, cada doação se transforma em cuidado e oportunidade para que pessoas em reabilitação tenham acesso a tratamento especializado, recuperem a qualidade de vida e conquistem independência.