carnaval mais sustentávelmontagens de fotos de divulgação

O carnaval pode ser mais sustentável em todos os segmentos e de todas as formas: social, cultural, compensando carbono usado, reciclando, trazendo temas de reflexão em suas letras e enredos ou simplesmente remetendo as suas raízes. Também a inclusão da responsabilidade socioambiental independe do tamanho e recursos financeiros envolvidos.
Um calendário cultural e econômico de proporções gigantescas como este, engloba, de certa forma, todo o mundo. São turistas que chegam ao país ou pessoas impactadas pelas imagens que circulam pelo planeta. Fora os milhares que participam efetivamente dos eventos - trabalhando ou se divertindo. São atividades de diversos tipos, estilos, tamanhos e recursos.
Portanto, algo tão grande, tão impactante e que gera tantos recursos, precisa demonstrar sua responsabilidade socioambiental.
SAUDADE DA RAINHA

Apesar de recente no calendário da Folia de Momo, o cordão fundado em 2020 é herdeiro da Quadrilha do Sampaio, a mais antiga do país, completando 67 anos. Trata-se de uma homenagem à fundadora, a singular Carmem Perrota - uma das principais responsáveis por manter as tradições juninas fora do Nordeste brasileiro contando com uma biografia lançada no ano passado pelo filho Márcio Perrota, herdeiro da incansável agitadora cultural.
Como carnaval é sinônimo de democracia, essa mistura de marchinhas, da arte junina e da Folia de Momo -  prova que dá samba. São famílias inteiras mostrando que brincar carnaval independe de geração.
Sem os poluentes (sonoro e ambiental) gigantes trios elétricos com carros alegóricos, o desfile da “Saudade da Rainha” faz uso da tradicional banda de música acústica e do gogó dos foliões - que vão puxando nas memórias as tradicionais letras não esquecidas pelo tempo. Ao invés do luxo -  fantasias lúdicas, bem humoradas ou improvisadas – ou seja, um cortejo à moda antiga.
“É um desfile que resgata o amor ao carnaval e às nossas tradições populares” resume Márcio Perrota.
A concentração é bem cedinho: 10h do domingo 05/02 na Rua Dias da Cruz, no coração do Méier. O desfile ajuda a resgatar o carnaval de rua no subúrbio carioca que perdeu espaço com a dimensão e recursos financeiros dos desfiles gigantes dos blocos que engarrafam ruas do Centro e Zona Sul do Rio.   “Viva a tradição e originalidade do Sampaio, gente”  - o lema e agora grito de guerra da cultura que permanece viva.

Camarote Salvador
O exemplo chega com o camarote batizado com o nome da capital baiana que pretende terminar essa temporada como o mais sustentável do mundo! Para isso, estão sendo realizadas mais de 80 atividades antes, durante e depois dos festejos com objetivo de reduzir impactos ambientais e integrar a população local.
"Queremos nos tornar referência em sustentabilidade para eventos de grande porte. Estamos empenhados em colocar em prática esse projeto inédito, com uma estrutura nunca antes vista e com o suporte de profissionais preparados para entregar os resultados projetados pela empresa", explica Luciana Villas-Bôas, diretora-executiva da Premium Entretenimento.

A gestão hídrica se dará por reciclagem de água das chuvas, descargas e condicionadores de ar, além de torneiras e arejadores com temporizadores e descargas de duplo fluxo. Todo o evento será monitorado por hidrômetros com finalidade de contabilizar o gasto total de água para criar planos de redução de consumo nos próximos eventos.
"Desenvolvemos uma estratégia de sustentabilidade inovadora e criativa baseada em 18 pilares. São eles a eficiência energética, lixo zero, gestão de recursos hídricos, biodiversidade, acessibilidade, combate ao assédio, inclusão social e outros pilares que vão ao encontro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Ao final, temos certeza que deixaremos um legado positivo para toda sociedade e um grande exemplo para o mercado do entretenimento", explica Kallel Pop, diretor da Neutralize, consultoria responsável pela gestão da sustentabilidade do Camarote Salvador.

Com intuito de deixar um legado para a cidade, o Camarote Salvador também colocará em prática a restauração de áreas de preservação, ações de limpeza de praias próximas ao circuito e plantação de árvores em pontos estratégicos. Serão também oferecidos cursos profissionalizantes e contratação de profissionais locais para atendimento das demandas do evento, venda de itens feitos com material sustentável por artesãos da localidade e muito mais.

Rosas de Ouro para São Paulo
Apontado injustamente como um carnaval morno, São Paulo não se deixou intimidar por esse preconceito e tanto suas escolas de samba como os blocos de rua estão crescendo em quantidade, tamanho e qualidade, a cada ano que passa. E agora, em 2023, mostra como pode unir a cultura popular a responsabilidade social.
A tradicional indústria química Basf se uniu a Sociedade Rosas de Ouro. Com  “Kindala” - exalta a trajetória e conquista dos povos negros africanos através dos tempos. Esse enredo antirracista será apresentado no Sambódromo do Anhembi em 17 de fevereiro. 

A oportunidade dessa parceria surgiu em 2022 quando a multinacional selecionou o projeto por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, inscrito no Banco de Incentivados da Prosas (BIP), plataforma cuja tecnologia conecta patrocinadores e projetos de impacto social.
“Estar junto da escola ampliando a educação antirracista, trazendo o tema da ancestralidade e da atualidade para dentro e fora da empresa, e ainda apoiar a geração de renda da comunidade é uma grande oportunidade para a multinacional mostrar sua preocupação com o tema” explica Ivânia Palmeira, consultora de Sustentabilidade e Engajamento Social da BASF.

O enredo  é centrado na força e conquistas do povo negro através dos tempos, desde seus ancestrais escravizados até os dias atuais, com a incessante busca por igualdade e respeito. “Essas premissas estão muito conectadas com nosso grupo de
“Essas premissas estão muito conectadas com nosso grupo de inclusão racial que desenvolve ações de sensibilização e educação sobre a questão no Brasil”, comenta Ivânia.

FEIJOADAS MAIS DEMOCRÁRICAS
E a responsabilidade pode vir também através da boca. As tradicionais feijoadas pré-carnavalescas também estão se renovando e mais democráticas. Boa parte delas está incluindo versões veganas ao seu cardápio, para atender a esse público crescente, mas que não dispensa essa orgia gastronômica. Entre elas, a promovida pelo Hotel Windsur da Barra (zona oeste do Rio de Janeiro), que no dia 18 de Fevereiro apresenta entre as atrações: a Mangueira e o Cordão da Bola Preta A versão substitui as partes do porco pelo tofu defumado e abóbora, acompanhados de farofa de beterraba.