A sociedade precisa reconfigurar o respeito pela escolafoto de divulgação Governo do estado de Santa Catarina
Esse era um crime que parecia fictício para os brasileiros. Apenas acompanhávamos através de filmes, documentários e pelo distante noticiário internacional. Não imaginávamos que esse tipo de atentado extremista se tornaria tão comum ao ponto de a imprensa, que nunca havia se preocupado em criar um protocolo para cobertura desse tipo de evento, improvisasse uma forma de tratamento para esses casos com a apuração em pleno andamento em Blumenau.
Não podemos esquecer que sinais estão sendo dados há algum tempo e nós não queríamos enxergar. A violência escolar contra professores e entre estudantes vem aumentando progressivamente. O desrespeito dos pais e das autoridades governamentais em relação aos professores é outro sinal de enfraquecimento do ambiente escolar. A demonização de ícones da educação reconhecidos internacionalmente, como Paulo Freire ou Anísio Teixeira, é outro ponto de corrosão. Isso sem falar na desvalorização profissional, com a deterioração dos salários e das condições de trabalho.
Tudo isso, ao ser colocado em uma mesma panela, resulta em uma pressão que se torna inevitavelmente explosão.
A reforma impõe aos professores e pedagogos profundas mudanças em suas rotinas de trabalho, alteração de suas cargas horárias e mudanças de conteúdos trabalhados, sem que estes tenham sido efetivamente ouvidos, participado da construção do novo "arcabouço" educacional ou ao menos requalificados para adotarem o novo formato.
Outro agravante dessa desigualdade é que, pela nova ordem, várias disciplinas generalistas são substituídas por outras direcionadas à escolha profissional feita pelo aluno, ainda muito novo, para assumir essa responsabilidade sobre seu futuro. Enquanto os estudantes das escolas particulares podem contar com psicólogos, orientadores vocacionais e educacionais para ajudarem a encontrar seu itinerário, o mesmo não acontece com a maioria que estuda nas instituições públicas. E ainda, se faltam professores para as disciplinas básicas, como conseguir para as novas criadas?
Como característica dos tempos atuais, as contrainformações acabam tumultuando os processos comunicacionais, com algumas dessas Fake News repetidas por autoridades e até reproduzidas pela imprensa.
O Novo Ensino Médio não foi revogado. Em momento algum o atual governo ameaçou rasgar a reforma! Cautelosos, eles definem como uma suspensão para promoção de ajustes dando um prazo inicial de dois meses para rediscussão.
É melhor o governo fazer agora esse freio de arrumação do que seguir acelerando em um erro arbitrário. Não se pode politizar na quebra de braço entre direita e esquerda. A formação do adulto de amanhã depende da reavaliação que está ocorrendo agora.
No entanto, sabemos que temas para serem democraticamente decididos precisam ser abordados com cuidado. O temor é que esses dois meses de reavaliação não sejam suficientes para passar a limpo o projeto.
Enquanto isso, os alunos em formação têm pressa, o que acaba afetando e provocando uma incógnita sobre a elaboração do Exame Nacional do Ensino Médio. Embora o Mec tente tranquilizar afirmando que vai manter a base do próximo, não consegue tranquilizar os envolvidos. Os alunos dependem dessa prova para ingressar nas universidades. Por sua vez, as instituições de ensino superior estão cada vez mais dependentes do ENEM como forma de seleção e ingresso de alunos repercutindo em sua sobrevivência financeira, principalmente as particulares.
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