Campanha pelo Dia Internacional do Indígenadivulgação ONU

Eles não querem apito ou serem reverenciados como fantasia no carnaval, reforçando estereótipos. Querem ter voz, principalmente quando o Dia Internacional do Indígena coincide com a continuidade da Cúpula da Amazônia.  Merecem inclusão e poder de fala no momento em que estão rediscutindo a preservação e modelo econômico da floresta. Afinal, se a Amazônia ainda mantém-se de pé deve-se a proteção e a exploração sustentável adotada pelos povos originários.  
Nas margens do rio Guamá, em uma manhã quente de agosto, a cidade de Belém se tornou o epicentro de um encontro de proporções globais: a Cúpula da Amazônia. À medida que líderes e representantes dos países amazônicos e além-mar se reúnem, um paralelo significativo se desenha no cenário: o Dia Internacional do Indígena. Mais do que uma coincidência, essa junção destaca a intersecção crucial entre a preservação ambiental e o respeito pelas culturas ancestrais.
Vozes Ancestrais e Compromissos Sustentáveis
A reflexão ecoa nas palavras e nas vestimentas dos povos indígenas presentes. Não mais querem ser retratados como apitos festivos ou personagens de carnaval, mas sim como agentes de mudança, com voz ativa na discussão sobre a preservação e o modelo econômico da Amazônia. Neste encontro, suas vozes não são um ornamento, mas sim uma necessidade intrínseca para redesenhar o futuro da região.

Com o início da segunda fase da cúpula, o diálogo se expande para nações convidadas, como a República do Congo, República Democrática do Congo e Indonésia, que também guardam tesouros de florestas. Além disso, Noruega e Alemanha, os principais financiadores do Fundo Amazônia, trazem suas perspectivas europeias para a conversa global. No entanto, o foco central permanece nas vozes ancestrais que conhecem profundamente as terras que pisam.
Indígenas defensores das florestas
Neste Dia Internacional do Indígena, as culturas milenares ganham holofotes. Os conhecimentos tradicionais e a relação intrínseca com a terra emergem como protagonistas na busca por soluções sustentáveis. Enquanto líderes debatem soluções, a necessidade de envolver as perspectivas dos povos indígenas é crucial, já que suas culturas e vidas estão indissoluvelmente ligadas à terra.

Pela primeira vez na história do Brasil, o Ministério dos Povos Indígenas foi criado, trazendo esperança, mas também desafios. Capitaneado por Sônia Guajajara/Tentehar, esta pasta oferece uma chance inédita de concentrar esforços e influenciar políticas públicas. No entanto, a falta de espaço político e econômico ainda é um obstáculo, um eco da necessidade de reconhecimento genuíno. A falta de estrutura do ministério é um grande entrave para o desenvolvimento de ações efetivas. 
Neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, a campanha da ONU foca no #SomosIndígenas celebrando a juventude e suas contribuições para criar um futuro que seja de todas as pessoas.

Enquanto isso, a Cúpula da Amazônia prossegue, com a esperança de que o encontro resulte em compromissos tangíveis, refletindo não apenas a cooperação entre nações, mas também um profundo respeito pelas culturas e pela natureza da Amazônia. Em um mundo cada vez mais consciente da interconexão entre a preservação ambiental e a diversidade cultural, eventos como esse oferecem a oportunidade de encontrar um terreno comum para a construção de um futuro harmonioso e sustentável.