No cenário atual do Brasil, estamos enfrentando um verdadeiro inferno ambiental, que para muitos especialistas é apenas o começo do que estar por vir. São eventos meteorológicos extremos, desde um inverno mais quente em 60 anos até registros de ciclones e tornados no Sul do país. Além disso, estamos testemunhando uma das maiores secas da história no Amazonas. Isso sem contar com a quantidade de queimadas que fizeram com que o ar ficasse praticamente irrespirável em Manaus engolida por uma gigante nuvem de fumaça. Os rios amazonenses estão próximos dos menores níveis registrados, cenário que está configurando impactos sociais, ambientais e econômicos. A mortandade de peixes está promovendo crise econômica para pescadores e alimentar para a população em geral. Os baixos níveis pluviométricos, ou popularmente falando a falta de chuva, ocasionam cenas incomuns para uma região reconhecida pela imensidão verde da floresta Amazônica e pelos grandes rios brasileiros: Amazonas, Negro, Solimões, e seus afluentes.
Moradias em casas flutuantes, navios, barcos e pequenas embarcações estão encalhadas em areais onde antes havia igarapés, rios e curso d’água. Esses acontecimentos são indicativos de transformações significativas nos padrões de clima e temperatura do planeta ao longo do tempo, e têm como principal causa a atividade humana.
Dividir a conta com as empresas À medida que as mudanças climáticas avançam, torna-se imperativo que as empresas e indústrias compreendam seu papel fundamental na mitigação dos efeitos dessas mudanças. A conta não pode ser paga apenas pela população atingida e pelo poder público.
"Em alguns pontos, as mudanças que estamos vendo são piores do que se previa, pois não consideram todas as interações com outros eventos climáticos, como o El Niño. Não há uma maneira simples de reverter isso em um primeiro momento, mas ainda há a possibilidade de um compromisso mundial para que sejam minorados esses efeitos”, defende William Padilha, engenheiro civil e Diretor Técnico da WEHRLE do Brasil, associada a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná).
Nesse contexto, as indústrias desempenham um papel crucial no controle das mudanças climáticas. E não se limita apenas a uma gestão mais eficiente de recursos e processos, mas também envolve a responsabilidade de mitigar os impactos de suas operações sobre a sociedade. Isso requer uma governança forte, alinhada com os valores do negócio, e reconhecimento do risco direto que as indústrias enfrentam. Um exemplo concreto desse compromisso é o Water Risk Index, que mensura os riscos associados à água em relação à operação de uma empresa. O mapeamento não restringe apenas à falta de água, mas também à disponibilidade excessiva. William Padilha explica essa relação:
"O que as mudanças climáticas trazem é mais adversidade climática e mais riscos. Eu acredito que, com o tempo, a gente vai se acostumando a esses novos riscos, mas mapeá-los em uma empresa é muito importante, porque, sabendo que eles existem, a gente até começa a entender melhor os impactos do aquecimento global na nossa operação."
Além disso, é fundamental que as organizações adotem uma política de gestão ambiental, social e de governança (ESG) coerente com a responsabilidade da empresa perante a sociedade. Cada empresa tem um papel específico a desempenhar, que envolve a melhoria de suas operações, maior eficiência, redução de emissões de carbono, gestão responsável de recursos hídricos e resíduos de produção, entre outros aspectos.
Ajudas O Banco do Brasil e sua fundação doaram R$ 1 milhão e promovem ação contra a estiagem no Amazonas. A campanha foca em de alimentos e água potável.
"O cenário de extrema escassez de chuvas na região amazônica reforça a importância das ações ASG abrangerem o cuidado ambiental e o amparo às pessoas que ali vivem. Estivemos em Nova Iorque em setembro, onde captamos recursos para a aplicação em recuperação de áreas degradadas, apoio às MPE e à agricultura sustentável na Amazônia. Agora, esta ação humanitária é urgente e pede nosso apoio também", destaca Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil.
As pessoas podem doar também através da plataforma de compras online Mercado Livre que, em parceria com a ONG Idesam, iniciou a campanha de emergência ‘Regatão do Bem’. Desde a implantação do “Botão Doar”, em 2019 já arrecadou mais de R$ 1 milhão no Brasil, que foram destinados a diferentes causas sociais e organizações. O Greenpeace Brasil está arrecadando dinheiro para compra e entrega de suprimentos emergenciais que estão sendo entregues para as populações mais atingidas, principalmente povos indígenas e comunidades tradicionais. A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) também está mobilizando doadores.
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