Prolata se aproxima de professores e estudantesFoto divulgação

Não basta burocraticamente criar 26 de janeiro como Dia Mundial da Educação Ambiental e inseri-lo no calendário oficial do brasileiro. Sabemos que a efetivação da nova Lei 14.926/2024 depende muito mais de ações concretas do que de sua publicação no Diário Oficial.
Até porque no Brasil existe um estranho e peculiar comportamento jurídico e administrativo que diferencia as leis que "pegam" das que apenas são inseridas no Código Civil sem aplicação prática. Isso remete às nossas raízes luso-brasileiras, quando, por pressão da Inglaterra, o país criou leis restritivas à escravidão sem de fato aplicá-las, rendendo um ditado em voga até hoje: “apenas para inglês ver”.

Educação Ambiental: Uma Urgência Global
O conceito de educação ambiental foi mencionado pela primeira vez em 1975, na Carta de Belgrado. A criação de uma data temática é uma recomendação das Nações Unidas desde 1995. Só agora, três décadas depois, essa celebração foi finalmente oficializada no Brasil.
Isso apesar de seu conteúdo ser quase uma unanimidade. Apenas o mais radical dos negacionistas é capaz de questionar a nova lei, que chama atenção para a adoção de práticas que todos precisamos incorporar em nosso cotidiano.
Vivemos uma emergência climática, cujos efeitos são sentidos literalmente na pele, devido a fenômenos como os buracos na camada de ozônio e o aquecimento global, consequências das atividades humanas que desestabilizam o equilíbrio do meio ambiente.

Integração Interdisciplinar e Esforço Coletivo
A utilização do poder multiplicador do ensino em prol da preservação ambiental não se concretiza apenas com a criação do Dia Mundial da Educação Ambiental e a transferência dessa responsabilidade exclusivamente para os professores.
É imprescindível um esforço conjunto, com a participação de todas as esferas da sociedade, para que o conceito não fique restrito ao conteúdo programático, mas seja efetivamente interiorizado de forma interdisciplinar nas rotinas escolares.
Alguns requisitos básicos são necessários para que o projeto se concretize. Não basta criar laboratórios específicos ou despejar nas instituições de ensino materiais e equipamentos adquiridos por meio de licitações públicas sem a devida preparação.
Nos anos 90, por exemplo, computadores foram adquiridos em massa pelo poder público e simplesmente deixados sob a responsabilidade dos diretores, que em sua maioria não estavam preparados para utilizá-los. Muitos desses equipamentos se deterioraram sem sequer terem sido retirados das caixas, devido à precariedade da infraestrutura: instalações elétricas inadequadas, falta de internet, ausência de refrigeração e até a inexistência de móveis apropriados.
Que esse erro tenha servido de lição. É fundamental reconhecer que o meio ambiente é, ao mesmo tempo, uma questão filosófica e uma modalidade científica, exigindo a implantação de laboratórios e equipamentos de pesquisa.

Engajamento de Empresas e Iniciativas Sustentáveis
Diga-se de passagem que, por conta da pressão dos conceitos ESG, cada vez mais empresas se engajam com a sociedade. Entre as iniciativas, destaca-se a da ONG Prolata Reciclagem, que já levou suas oficinas pedagógicas para mais de 500 instituições desde 2020, priorizando a educação infantil e o ensino médio.
Mesmo oferecendo capacitações para educadores com o objetivo de conceituar, construir e ampliar o conhecimento sobre temas que vão desde mudanças climáticas a economia circular, segundo dados recentes, menos de 10% das instituições brasileiras já apresentam ações estruturadas em suas grades sobre educação ambiental, o que evidencia a necessidade de cada vez mais investirmos em capacitar e conscientizar os profissionais da área”, comenta Thais Fagury, presidente-executiva da Prolata Reciclagem, associação sem fins lucrativos mantida majoritariamente pela indústria de bebidas.
Entre as trilhas priorizadas pela agenda curricular de práticas pedagógicas estão mudanças climáticas, proteção da biodiversidade, economia circular, consumo consciente, prevenção de desastres e consequências socioambientais. As oficinas possuem 40 horas de duração.
Para escolas, professores e educadores interessados nas oficinas de formação oferecidas pelo Programa Prolata de forma gratuita, basta realizar a adesão pelo e-mail gabriela@prolata.com.br  As oficinas fornecem certificações de capacitação que podem ser utilizadas para progressão de carreira no ensino público.