Pedro DuarteDivulgação
Faixa Azul: uma proposta de urbanismo tático para melhorar a mobilidade do Rio de Janeiro
Você conhece a Faixa Azul? Essa iniciativa, ainda inédita na cidade do Rio de Janeiro, consiste na implementação de faixas veiculares exclusivas destinadas ao tráfego de motociclistas em grandes vias e avenidas.
Foi adotada na cidade de São Paulo, pela primeira vez, em 2022, e os resultados, desde então, são extremamente positivos, com uma redução considerável em relação ao número de mortes e acidentes. Inclusive, em 2023, após um ano de implementação, não foi registrado óbito algum envolvendo motos nas vias onde essas faixas exclusivas foram adotadas, de acordo com informações divulgadas pela própria Prefeitura de São Paulo.
Além disso, você sabia que as faixas azuis já caíram no gosto popular dos paulistanos? Segundo pesquisas internas da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo, esses espaços têm sido bem aceitos pelos usuários. Os dados são bastante expressivos, com uma impressionante adesão de 88% dos motociclistas paulistanos e com 96% de aprovação da sociedade civil.
Com a Faixa Azul, os motociclistas têm um espaço delimitado na via, entre as faixas 1 e 2, que sempre foram utilizadas pelos usuários de moto. Isso possibilita que, em tráfego congestionado, as motos possam transitar de forma segura e com disciplina, sem alterar substancialmente a dinâmica já existente na via.
É importante ressaltar que os pontos positivos dessa proposta também têm relação com a sua estrutura de implementação, afinal trata-se de uma política pública de baixo custo e de rápida adoção. A Faixa Azul, portanto, pode ser considerada uma medida de urbanismo tático, uma vez que surge como uma alternativa criativa para "driblar" a morosidade da gestão pública em projetos de planejamento urbano, que normalmente são lentos e complexos de serem criados.
Diante de todo esse contexto bem-sucedido, a pergunta que fica é: por que a Faixa Azul ainda não foi implementada na cidade do Rio de Janeiro?
A urgência por aqui é evidente, afinal, de 2022 para 2023, o número de ocorrências com motos teve um aumento de 19,68% no nosso município. No ano passado, segundo o Corpo de Bombeiros, motociclistas do Rio se envolveram em 1.401 atropelamentos, 13.266 colisões e 5.553 quedas — um total de 20.220 acidentes. E mais: segundo dados georreferenciados compilados pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio, cerca de 62,6% das ocorrências de trânsito envolvem motociclistas, o equivalente a 41 casos por dia. Vale destacar ainda que, vinte anos atrás, a frota de motos na cidade somava um quarto da atual.
Devemos ressaltar, no entanto, que o problema é complexo e exige medidas multifacetadas, como investimentos em educação no trânsito, fiscalização mais rigorosa e investir na capacitação dos nossos agentes de trânsito.
Na Câmara Municipal, fazendo valer nosso papel de fiscalização, já cobramos a prefeitura, enviando um Requerimento de Informação aos responsáveis, questionando os motivos de a Faixa Azul ainda não estar em vigor na nossa cidade. A sua execução é imprescindível para trazer segurança e bem-estar para a mobilidade urbana do Rio, e vamos continuar cobrando com insistência até que seja finalmente adotada por aqui!
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