Falcão - Globo/Raquel Cunha
FalcãoGlobo/Raquel Cunha
Por Gabriel Sobreira
Ano que vem, Falcão comemora 30 anos de carreira. A data é marcada pelo aniversário de lançamento de 'Bonito, Lindo e Joiado' (1990), primeiro disco do cantor, que também se divide com o ofício de ator. Prova disso, basta conferir o desempenho do artista como o Cego Isaias, narrador da série 'Cine Holliúdy', que estreia hoje, às 22h20, na Globo.
"Sou arquiteto formado, estava com meu escritório de Arquitetura. De repente, o povo todo ficou insistindo para que eu gravasse um disco. Gravei, estourou no Brasil todo. E o 'pior' é que o segundo, o terceiro e o quarto discos continuaram a fazer sucesso", comemora. "Mas o mais emocionante é que, 30 anos depois, as pessoas ainda se lembram de quem é Falcão. Um cabra que saiu de uma cidadezinha menor que Pitombas (cidade fictícia do sertão cearense onde a série é ambientada) e chega em qualquer lugar do Brasil e é reconhecido. Isso é muito legal", acrescenta ele, que é natural de Pereiro (CE).
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Questionado sobre qual o segredo do sucesso, Falcão não tem meias palavras. "A primeira coisa que deve ser feita é não se levar a sério", ensina ele, aos 61 anos. Segundo o artista, essa é uma das principais características dos brasileiros, principalmente dos nordestinos. "Vi que era um filão legal (não se levar a sério) primeiramente dentro da música, e comecei a fazer música nesse sentido. E para minha surpresa, o povo gostou. O sucesso não é mérito meu, é do povo ter gostado de uma besteira daquela", brinca o artista.
MÚSICA
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Marcondes Falcão Maia, nome de batismo do cantor, diz que sempre está fazendo música e que tenta descobrir uma forma de lançar um novo trabalho. "Não tem onde vender, onde veicular. Disco físico/CD não tem mais condição. Com certeza, vamos inventar alguma coisa para lançar um novo projeto este ano", promete.
Na série da Globo, Falcão revive o Cego Isaías, personagem que fez em 'Cine Holliúdy' (2012) e 'Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral' (2012). "Ele está em praticamente todo episódio. É como se fosse o Hitchcock (o diretor Alfred Hitchcock, conhecido também por suas aparições relâmpago nos próprios filmes), o Cego também passa atrás das cenas, no meio, costurando realmente todos os personagens", explica o cantor.
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Para viver o personagem, Falcão diz que dispensou preparação por um motivo para lá de inusitado. "Sou praticamente cego (risos). Tenho cinco graus de miopia, então para fazer um cego não precisei de muita preparação. Queria dizer que o Cego Isaías é o cara de maior visão naquela cidade de Pitombas (risos)", provoca, aos risos, aproveitando para reforçar o valor do projeto 'Cine Holliúdy', tanto no cinema quanto na TV.
"A gente recebe muita coisa que vem de fora, é na música, na TV. E é muito bom que a gente mostre o quanto o 'Cine Holliúdy' faz grande sucesso no Nordeste porque as pessoas se enxergam naquilo ali. É muito importante mostrar isso para o Brasil, o Norte, Centro-Oeste. E é preciso fazer coisa interessante em qualquer região do Brasil", defende.
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FRANK SINATRA DO BRASIL
Segundo o diretor Halder Gomes, diretor e roteirista dos dois longas e que divide a direção da série com Renata Porto D'Ave, Falcão é o Elvis Presley brasileiro. Contudo, o cearense discorda. "Estou mais pra Frank Sinatra, que também é cantor e que também começou a fazer filme", compara, com humor.
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Esta não é a primeira incursão de Falcão na dramaturgia. Ao longo da carreira, ele já fez diversas participações, mas foi com 'Cine Holliúdy' que ganhou seu primeiro personagem para interpretar.
"Fiquei até meio receoso porque não sou ator. Nunca tinha atuado nesse tipo de coisa, mas achei legal", explica ele, que no currículo tem, entre outros produtos, 'Os Roni', série de humor do Multishow, e 'O Amor Dá Trabalho', filme com Leandro Hassum, sem previsão de estreia. "Estou achando boa essa onda de ser ator", vibra.
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Conhecido por seu guarda-roupa de estilo único, o cantor conta que tanto o estilo quanto a vida dele seguem um lema bem simples: "'Quanto pior, melhor'. É misturar todas as coisas e ter coragem de usar aquilo que você está com vontade de usar. Não sair 'fardado' como todo mundo. Repito até a roupa, mas não a combinação", confessa ele, aos risos.