'Lara é muito fútil, só dá valor à dinheiro', conta Cristiana Oliveira
 - Blad Meneghel / Record TV
'Lara é muito fútil, só dá valor à dinheiro', conta Cristiana Oliveira Blad Meneghel / Record TV
Por RICARDO SCHOTT
Rio - Se a Globo fosse mesmo fazer o eventual remake de 'Pantanal' do qual O DIA falou na segunda, Cristiana Oliveira não imagina quem faria a selvagem Juma, interpretada por ela na trama da Rede Manchete, que completa 30 anos em 2020. "Talvez alguém novo. Deveriam abrir testes para encontrar um novo talento", explica a atriz, que no entanto adoraria fazer a Filó, personagem romântico interpretado por Jussara Freire na novela. "Ela era linda, de um amor tão genuíno pelo filho, pelo marido. Tô precisando fazer um personagem bonzinho!", brinca Cristiana, que em 'Topíssima', trama da Record que estreia dia 21 de maio, às 19h45, interpreta uma personagem bem menos ingênua: a arrogante Lara.
"O que mais me seduziu nela é que ela é louca, exagerada, teatral, está o tempo todo interpretando. Não pode chorar que já se olha no espelho para ver se está chorando bem. Mas ela tem os conflitos internos dela, e isso é muito difícil de fazer", conta Cristiana, que falou com O DIA no evento de lançamento da novela, na Record. Lara é herdeira do negócio da família, as Universidades Alencar, e leva uma vida de aparências e futilidades. Nunca trabalhou, sempre recebeu mesada e vive às turras com a filha, Sophia (a protagonista Camila Rodrigues), que comanda a universidade com mãos de ferro. Num de seus ataques, Lara da à empoderada filha um ultimato: ou ela se casa em um ano, ou a mãe tira a presidência dela.
Publicidade
"Lara é muito fútil, só dá valor à dinheiro, imagem, juventude. Tem 60 anos e quer aparentar ter 30, se acha a mais linda mais gostosa do mundo. É preconceituosa e muito egoísta. A Lara tem uma personalidade muito parecida com a da Mara (que Cristiana Oliveira fez em 'A Terra Prometida', e que também era uma vilã). É só trocar uma letra que fica igual", brinca a atriz, que conhece muita gente que vive de aparências, mas num grau bem mais ameno que o de sua nova personagem. "A Lara é toda 'botocada', deixa de visitar a filha porque o cabelo dela está com um dedo de raiz branca. Tem muita gente, só que de bom caráter, que também é assim. Aquela coisa de se esticar toda no espelho e falar: 'Ai meu Deus, uma ruga!'".
Cuidados pessoais
Publicidade
Cristiana já pôs silicone (e está querendo tirar), usa botox desde os 35, nunca fez plástica e costuma sempre limpar a pele. "Não sou viciada em clínica de estética. Cuido da alimentação, faço exercício todo dia, não durmo com meu rosto sujo, estou sempre hidratando. E procuro cuidar de dentro para fora. Me preocupo espiritualmente, mais do que ficar fazendo dietas malucas. Aceito meu envelhecimento com muita naturalidade, sem me desesperar. E tenho meu marido, que está envelhecendo comigo", conta. "Não tenho nada, nada, da Lara. Quer dizer, só o fato de que ela é um mulherão é a Crica (seu apelido) é também", brinca.
E o que é ser um mulherão? "É isso aqui, ó", aponta para si própria, rindo. "Mulherão eu sempre fui, mesmo magra, gorda... Sempre fui analisanda, a maturidade é uma grande aliada para uma mulher de 56 anos. É muito difícil de acontecer sofrimento, mas lido de forma madura. Perdi cinco pessoas da família: três irmãos, pai e mãe. Além de vários amigos. Isso vai criando uma carcaça na gente. Tenho problema de coluna, cinco hérnias. Mas estar ficando mais velha, mais flácida, isso não me dá problemas", conta. Os três irmãos de Cristiana morreram de câncer, o que a fez ficar mais ligada ainda na saúde. "É uma doença que assola a família".
Publicidade
"Passado é passado, ele é importante a partir do momento em que sua história é contada. Dizem que na vida, você tem que deixar um legado. A Cristiana pode morrer, mas a Juma fica. É uma das personagens que mais marcaram a história da teledramaturgia brasileira. Mas eu, Cristiana, ter saudades do passado, não. Adoro olhar fotos, tenho orgulho da minha história, mas é daqui pra frente. Tenho planos para daqui a cinco anos", conta ela, que é empresária e tem uma linha de produtos estéticos e semijoias. "Palco é pra sempre. Mas a gente sabe que na TV diminui o espaço para mulheres mais velhas. Sou viciada em séries, especial séries europeias. Muitas delas tem protagonistas que têm minha idade para cima. Ter espaço, tem, mas as pessoas gostam de ver um frescor na televisão".
Mais Pantanal
Publicidade
Voltando ao assunto, Cristiana, e se a Globo fizer mesmo o tal remake de 'Pantanal'? Você aposta no sucesso? E curtiria mesmo fazer a Filó? "Bom, eu estou na Record, né? Não penso em nada disso. Bato o martelo na Filó. Torço pelo sucesso, sim. Já foram feitos tantos remakes de clássicos da teledramaturgia  brasileira e foi tudo de outra forma, com outro tipo de interpretação... Não consigo imaginar como seria, com a tecnologia que a gente não tinha na época", recorda ela. "Nosso 'Pantanal' teve uma pureza, acabou saindo de forma tão despretensiosa que deu certo por causa disso. E é aí que eu vejo que estou ficando velha mesmo!", brinca. "Trinta anos da novela, vai ter outra Juma..."
Colaborou Gabriel Sobreira