Cenas do documentário 'Rindo à toa', com Reinaldo e Hubert, do 'Casseta' - Divulgação
Cenas do documentário 'Rindo à toa', com Reinaldo e Hubert, do 'Casseta'Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - O humor da era da abertura, no começo dos anos 1980, tinha varias caras e turmas. Tinha a galera do jornalismo ('O Pasquim'), das revistas e jornais humorísticos ('Casseta Popular' e 'Planeta Diário'), os grupos de rock e MPB (Ultraje A Rigor, Blitz, Premeditando O Breque) a turma do teatro besteirol - e essa profusão de galeras e projetos que provocavam e testavam limites estendeu-se até bem recentemente, com a turma do 'Hermes & Renato', na MTV. Foi com a intenção de reportar esse período em que a censura estava chegando ao fim e parecia não haver limites para a gozação, que o "seu casseta" Claudio Manoel, ao lado de Álvaro Campos e Alê Braga dirigiram o documentário 'Rindo À Toa'.

O filme chega aos cinemas nesta quinta trazendo entrevistas com boa parte da geração que fez o Brasil rir a partir dos anos 1980: Casseta & Planeta, Angeli, Laerte, Regina Casé, Evandro Mesquita, Roger Moreira (Ultraje), Marcelo Tas, Marisa Orth, Pedro Cardoso. Além de muitas imagens de Bussunda (1962-2006).

"O conceito básico do filme é que a gente tinha saído da ditadura e não havia forma nenhuma de controle. O controle teria caído na sociedade, o que é um troço muito vago. Mas grande parte da sociedade queria mais era tirar a tampa, botar para fora o que estava sufocado ou guardado. Nunca houve uma época tão livre", recorda Claudio, cujo filme é o segundo de uma trilogia iniciada com 'Tá Rindo De Quê?', que conta a história do humor nos tempos da ditadura. "No próximo, vamos falar de projetos mais recentes, e do 'Pânico'", diz.

O filme traz as histórias por trás de muitos projetos de sucesso na Globo, como o próprio 'Casseta & Planeta', o 'TV Pirata', 'Armação Ilimitada' (surgido de uma noite muito louca entre amigos como Daniel Filho e Nelson Motta) e o 'Sai de Baixo'. Marisa Orth lembra no longa que ouviu reclamações de feministas por causa da burrice da sua personagem Magda. Claudio Paiva, redator de humor da Globo, ex-integrante da trupe do 'Planeta Diário', recorda que só percebeu que havia limites mesmo no pós-ditadura quando teve que ir à delegacia explicar uma piada que haviam feito com a Igreja Católica.

YouTube e shows

O Casseta fez duas temporadas do 'Procurando Casseta & Planeta' para o canal Multishow. Hoje, não está mais na televisão, apesar de terem começado negociações com a RedeTV!, que não avançaram - o grupo fez um piloto no ano passado, e aguarda retorno da viabilidade comercial do projeto. O lugar mais fácil de achar o grupo hoje em dia é no canal que mantêm no YouTube, que é bem próximo do projeto que haviam feito para a estação.

"É uma forma de jogar uma pelada, ver os amigos, falar besteira. Mas a gente está numa área grande de concorrência, principalmente com gente 40 anos mais nova", brinca Claudio, que estava acostumado com a grandiosidade das produções da Globo. "A gente tinha muita força de produção. Escrevia um texto numa semana, e na outra tinha 40 cangaceiros e 50 cavalos", recorda.

O Casseta também vai voltar aos palcos entre outubro e dezembro, para comemorar os 30 anos da união 'Casseta (Popular) & Planeta (Diário)'. Da empreitada, participam apenas Beto Silva, Cláudio Manoel, Helio de la Peña, Hubert Aranha e Marcelo Madureira. Reinaldo Figueiredo, que fazia personagens como o Devagar Franco, preferiu ficar de fora. "Ele se aposentou, já é um veterano. O desejo dele era quando parasse tudo, ficar só como músico, tocando jazz. Mesmo no Multishow ele quis só participar como ator. Mas conseguimos que ele gravasse um esquete em vídeo para o show", revela Claudio.

 

Você pode gostar
Comentários