A Cor do Som - Daryan Dornelles
A Cor do SomDaryan Dornelles
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Iniciada em 2017, a festa de quatro décadas da A Cor do Som dura até hoje. O grupo lançou naquele ano o disco 'A Cor do Som - 40 anos', cheio de regravações de sucessos com convidados (numa lista que inclui Roupa Nova, Moska e Skank, entre outros). Mas o disco chegou apenas às plataformas digitais. A banda tem mais presentes para a festa: sobem hoje no palco do Teatro Riachuelo, na Cinelândia, para o projeto 'Música das 7' (às 19h) e lançam a versão em CD do álbum.

"Ela já está à venda em São Paulo e acredito que vamos levar alguns discos a tempo do show", conta o tecladista e cantor Mu Carvalho, que ainda anuncia uma versão em vinil do disco comemorativo para breve. Na apresentação de hoje, sucessos como 'Abri a Porta' e 'Menino Deus', além dos instrumentais da banda, chegam aos ouvidos de um público que costuma ir a shows em horários mais acessíveis. "O local também é bem central e o show é para as pessoas que saem do trabalho querendo se divertir, dar um tempo antes de voltar para a casa. É a mesma onda dos shows do Rival, que também é no Centro da cidade", diz.

O grupo, após passar por algumas mudanças e hiatos, retorna com a formação clássica: Mu, Dadi (voz e baixo), Ary Dias (voz e percussão), Armandinho (voz e guitarra) e Gustavo Schroeter (bateria). Mu diz que a convivência é de família. "É uma felicidade enorme. É uma coisa muito bonita, e a gente já se conhece muito, não é algo como 'vamos juntar músicos incríveis e fazer uma banda'. É muito além disso", conta.

Além do quinteto, a banda tem ainda como convidados no palco os irmãos Luiz Lopez (voz, guitarra) e Pedro Dias (voz, baixo). Ambos dividiram o palco com Dadi na banda de Erasmo Carlos. "São dois grandes músicos e as vozes deles juntas fazem uma coisa meio Beatles. Eu sentia falta de outras vozes na banda, porque a gente fica meio preguiçoso para fazer os vocais de apoio. O Dadi, que é o baixista da banda, tem preferido tocar guitarra e deixa o baixo para o Pedro", conta o tecladista.

Música "sem letra"

Mesmo com hits que muita gente sabe cantar até hoje, um dos momentos mais esperados do show da Cor do Som é a execução de uma música instrumental: 'Frutificar', que dá título do segundo álbum da banda, de 1978. Mu recorda que essa música, que começa com um longo solo de piano e (pela ordem) vai ganhando percussões, bateria, baixo e guitarras, foi a porta de entrada para muitos fãs no universo da música instrumental.

"Na nossa gravadora na época, chegavam cartas de fãs falando que compraram o disco para escutar 'Abri a Porta' e tinham adorado 'Frutificar', que era uma das coisas mais lindas que eles tinham ouvido. Uns até falavam: 'Eu não sabia que existia música sem letra'. Não falavam nem 'música instrumental', era 'sem letra' mesmo", recorda. "O Brasil tem essa coisa hoje da falta de cultura, do mercado, da ausência de melodia no que toca no rádio. E muita gente pensa que a música, para atingir o povo e ser comercial, tem que ser bobinha, apelativa. Não é preciso empurrar goela abaixo música apelativa, clipe com bunda rebolando. Isso vai durar quinze minutos, mas em 15 anos o que vai ficar é algo como 'Yesterday', dos Beatles", diz.

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