Rio - Após quatro anos de seu último projeto, o CD 'Ser Humano', Zeca Pagodinho faz a alegria de seus fãs ao lançar seu novo álbum: 'Mais Feliz'. Com 14 canções, o novo trabalho do sambista já está disponível nas plataformas digitais. Ouvir as canções é como fazer um passeio pelo subúrbio e pela trajetória do sambista, que se considera em um momento feliz. "Claro, completei 60 anos. Olha que beleza. Todo álbum é uma fase e essa (fase) está ótima", diz Zeca, que tem quase 40 anos de carreira. Ele também confessa que já não se sente como um garotão. "A idade vai chegando, né? Não tem jeito. A gente se sente mais pesado".
Com participações especias neste trabalho, Zeca diz que não foi difícil escolher com quem cantar. "As participações são da Tereza Cristina, Xande de Pilares, Yamandú Costa e Hamilton de Holanda. É muito mais fácil fazer música com os amigos. A gente se sente mais feliz", diz ele. Quando perguntado sobre as pessoas que querem fazer parceria musical com ele, o cantor desconversa: "Fico atarefado".
Compositor de vários sucessos como 'Lama nas Ruas', 'SPC' e 'Bagaço da Laranja', Zeca não compunha desde 2005. Mas neste disco ele traz duas músicas autorais: 'Enquanto Deus me Proteja' e 'Nuvens Brancas de Paz'. No entanto, o sambista diz que esse lado compositor não fala mais tão alto. "Não fala. Tem muita coisa pra fazer. Mas continuo compondo às vezes. E pretendo continuar", conta.
Se em 2003, os versos da música 'Deixa a Vida me Levar' (2003) já dizia: 'Se a coisa não sai do jeito que eu quero/ Também não me desespero, o negócio é deixar rolar', após 16 anos, as músicas do sambista ainda retratam o jeito que as pessoas levam a vida. Neste álbum, tem homem que quer alugar um puxadinho, outro que pede fiado na quitanda e aquele que está contando o dinheiro do mês para ver se sobra para uma cervejinha.
Zeca revela que já passou por algumas situações semelhantes. "Todo mundo passa, né? Mas nunca tive conta em quitanda, não. Sempre paguei minhas contas. Nunca gostei de dever a ninguém. E quem compra as coisas pra casa é a Mônica (Silva, sua esposa)", brinca.
Homenagem ao amigo
Zeca dedicou este novo trabalho ao amigo Arlindo Cruz. No encarte, ele escreveu um textinho à mão para Arlindo, que diz: 'Quero dedicar esta obra ao meu compadre, amigo e parceiro Arlindo Cruz, esperando que na próxima ele esteja comigo no estúdio, como sempre foi". É que esta foi a primeira vez que o sambista, que teve um AVC hemorrágico em 2017, não participou presencialmente do disco de Zeca.
"O Arlindo é meu compadre, é meu amigo de muitos anos. Este ano, ele está só como compositor no disco. Não teve voz, presença no estúdio. Me emocionei escrevendo o texto que está no disco. Não fui visitá-lo (depois do AVC). Não consigo. Eu ia à casa dele para cantar, pra gente fazer samba. Tenho fé que ele vai melhorar", conta Zeca.
Origem simples
Nas redes sociais, Zeca Pagodinho é o ídolo dos internautas. Não só pelo seu talento musical e, sim, por ser gente como a gente. O copo de cerveja na mão em algumas fotos, o visual com bermuda e a barriguinha de fora ou, até mesmo, um vídeo em que faz poses rápidas e divertidas para um fotógrafo são motivo de memes (quando uma foto, vídeo ou montagem se espalha rapidamente pelos internautas) e diversão. No fim do mês de julho, por exemplo, ele pegou um ônibus para o Centro de Xerém, distrito de Duque de Caxias, e causou surpresa nos passageiros. Sua vida simples impressiona.
"É isso o que eu gosto de fazer. Sou normal. Mas, às vezes, causa confusão, sim. Por isso não gosto de foto, de selfie, porque tumultua", destaca Zeca, que não acompanha as brincadeiras sobre ele na internet. "Não, não vejo e nem entendo nada disso. Não sou conectado. Não me divirto com isso, porque eu nem vejo".
Ao ser informado que uma foto dele bombou nas redes sociais, em 2016, durante sua viagem a Nova York, por ele usar um celular simples, o sambista se impressiona: "Ué, mas é o celular que eu sei usar. Não entendo essas novidades. Pra que eu vou ter um moderno se não sei mexer?", questiona.
Amor por Xerém
Zeca tem amor por Xerém, em Duque de Caxias. O cantor vive na Barra da Tijuca já há muitos anos, mas mantém seu sítio na região, onde dá festas e rodas de samba. É lá que ele se diverte, e ele nem pensa em outras alternativas para reunir amigos e família. "Em Xerém, eu sou um Zeca comum. Que anda na rua, vai ao botequim tomar sua cerveja", destaca o sambista. E por falar em cerveja, você nunca pensou em lançar a sua bebida? "Não, já tem quem montou. Já tem quem faça", frisa.
