Rio - Formada por Carolina Coutinho (vocais), Leonardo Maciel (baixo), João Loroza (guitarra) e Ruvício Santos (bateria), a banda de pop rock Os Caras & Carol quase durou apenas um musical. Carol e Leo estudavam juntos na escola de atores Wolf Maya em 2015, e tiveram a ideia de montar um espetáculo. Que depois virou uma banda de verdade, quando chegaram mais ideias, mais músicas e os outros integrantes. Com pouco tempo de formação, duas vitórias: o álbum 'Coisas da Vida', lançado pela Universal, e o show que eles estão apresentando em todas as datas do Rock in Rio, no Highway Stage.
"A gente tem um saudosismo ligado ao Rock in Rio, porque a gente é ali do Anil, em Jacarepaguá, e o festival é bem perto, ali mesmo na Zona Oeste. Já fomos como público, nunca como banda", diz Leo, que se recorda com carinho de ter visto Stevie Wonder e Guns'N Roses em 2011. "Adorei ter visto Alicia Keys e Justin Timberlake no evento", lembra Carol.
O repertório do grupo nos shows do Rock in Rio, por sua vez — e apesar de eles estarem lançando um disco — tem incluído covers ao lado das autorais. A banda foca em clássicos do rock, numa seleção que inclui Pink Floyd, Lady Gaga, Miley Cyrus e até hits do rock brasileiro.
No começo
Os Caras & Carol, assim que decidiram que a coisa passaria de um espetáculo, foram em busca de músicas autorais que estavam guardadas havia anos no baú do grupo. Várias delas compostas em momentos de crise na adolescência, como 'Cabelo', escrita por Carol, que já ganhou clipe.
"Escrevi essa música durante uma noite. Tinha coisas guardadas em mim em relação ao meu cabelo, porque ele sempre foi cacheado e sofri muito bullying. As pessoas me tratavam mal por vários motivos, mas o principal era o meu cabelo", recorda. "Demorou para eu me aceitar e quando fiz a música, fechei esse capítulo da minha vida. Lembro que levei a música para eles (os colegas de banda) e falei que tinha uma letra e que a música não estava inteira".
Para a surpresa de Carol, João — que entrou na banda com 15 anos e é filho do cantor e ator Sérgio Loroza — conta que 'Cabelo', bem antes de virar o primeiro single da banda, significou muito para ele. "Eu estava na escola passando por essas mesmas coisas da letra, e me deu força para enfrentar tudo", recorda. "Passava por crises, por essas coisas que a gente sofre lá dentro". "Gente, fiquei sabendo disso agora!", surpreende-se Carol.
Cabelo
Carol diz que, na infância, quis muito alisar o cabelo, mas logo desistiu. "Minha mãe teve uma tática muito inteligente comigo. Pedia a ela para fazer escova e ela: 'Ah, te levo semana que vem'. Chegava na tal semana e ela dizia que a gente estava sem dinheiro. Depois, vi que se alisasse o cabelo, teria que ficar fazendo alisamento toda semana, botar química no cabelo, gastar muito dinheiro. Eu tinha 12 anos de idade e resolvi deixar cacheado mesmo", conta. "Na época nem havia um mercado para cacheados. Hoje, a sociedade não está no lugar em que deveria estar, mas as coisas mudaram um pouco".
A canção já emocionou sua própria autora ano passado, durante o primeiro show do grupo, no solar da Sala Baden Powell, em Copacabana. "Tocamos abrindo para a Banda Vitória Régia. Tinha a nossa galera lá, mas tinha um grupo de pessoas que estava esperando para ver o show principal. Quando tocamos 'Cabelo', todo mundo começou a cantar junto. Chorei no meio do show", lembra a vocalista. "Muitas amigas minhas dizem que passaram a usar cabelo natural depois que ouviram a música. Isso é muito legal".
