Péricles - Tácio Moreira/Divulgação
PériclesTácio Moreira/Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Aprender coisas novas e superar desafios são tarefas diárias para Péricles, que acaba de lançar a primeira parte do DVD 'Mensageiro do Amor', gravado na Arena Fonte Nova, em Salvador. O sambista está dançando no palco e está cada vez mais desenvolto, graças à participação de Luiza Módolo, sua professora no quadro 'Dança dos Famosos', do 'Domingão do Faustão'. E uma das novas bandeiras do cantor, que chegou a trabalhar como inspetor de escola antes da fama, é mostrar para as novas gerações de jovens artistas - e, mais especificamente, de jovens negros - que tudo é possível.

"Quis mostrar uma capital em que a cultura negra manda. Fui mostrar com nosso trabalho que tudo é possível a qualquer pessoa que tenha perseverança. Mostramos com o DVD que juntos conseguimos ir bem mais longe", conta.

O período como inspetor, por sua vez, marcou muito o sambista. Péricles trabalhou como entre 1990 e 1993, numa escola municipal de São Paulo, Álvares de Azevedo.

"Encontro sempre alguns ex-alunos, especialmente quando faço show em São Paulo. Muitos deles foram para um caminho muito bom", conta ele, que adorava estudar e foi um bom aluno. "A ideia no trabalho era que a criança pudesse ter um olhar diferente para a sociedade, como mercado de trabalho. Já reencontrei alunos em shows, ouvi de muitos deles: 'Você interferiu beneficamente na minha vida, muito obrigado'", revela. "Sou testemunha de que dá certo investir na educação".

Turma do Péricles
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'Mensageiro do Amor' (cuja parte 2 sai em novembro) tem participações do pagodeiro Tiee (em 'Hawaii'), da atriz e cantora Jeniffer Nascimento (em 'Casa Maluco'), Xanddy do Harmonia do Smba (em 'Faz') e Jorge Vercillo (em 'Noite Perfeita').

"Todos são meus amigos e é como se eu fizesse um samba no quintal de casa", diz Péricles. "Meus laços e da minha esposa com a Jeniffer são tão grandes que fomos padrinhos de casamento dela. Tiee é bom demais. A música dele vai ao encontro do que muita gente gostaria de ouvir, fala de amor de uma maneira própria. É uma música muito elaborada e que não é elitista, e que a gente merece ouvir todos os dias".
Mais artistas negros na TV
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Em outubro de 2018, Péricles estreou a turnê 'Em Sua Direção', dirigida pelo ator Lázaro Ramos. O ator baiano pôs o sambista para dançar mais no palco e ajudou Péricles a inserir até canções em inglês no repertório. Sua releitura para 'Ebony and Ivory', de Paul McCartney e Stevie Wonder, ficou no repertório do DVD novo - sai na segunda parte, em novembro. A ideia de Péricles, com a música, foi falar de racismo e de igualdade.
"Quanto mais a gente fala, mais a ignorância sobre o racismo e a desigualdade acabam", conta Péricles, que sente falta de mais artistas negros na TV. "E também de mais mulheres no comando de empresas, de mais mulheres negras ganhando tanto quanto as brancas, de mulheres recebendo o mesmo que homens. O problema do Brasil é a falta de educação, que não vem de hoje. Se não resolvermos isso nesse momento, as próximas gerações vão sofrer", avisa.
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Pai aos 50 e cuidado com a saúde
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Casado desde 2017 com a pedagoga Lidiane, Péricles tem um filho com a ex-mulher Meire, Lucas Morato, que também é cantor e compositor. E aguarda para fevereiro mais uma filha, Maria Helena, que vai nascer com o artista já cinquentão (Péricles fez 50 em junho desse ano).
"Estamos nos preparando. A Lidiane vai voltar para o pilates depois que ela nascer. Eu mesmo estou cuidando mais da saúde, para poder correr com ela, brincar, pegar ela no colo. Nós mesmos escolhemos o nome dela, pensamos num nome forte. Maria é um nome fortíssimo e Helena também. Faremos de tudo para que ela seja uma cidadã de bem", diz.
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Para os shows mais recentes, Péricles também cuidou mais da forma física, até por que vem dançando mais no palco, por causa da presença de Luiza Módolo na equipe. "Ter alguém ensinando você a dançar é uma coisa muito diferente. Se uma música é mais alegre, você tem que dançar sorrindo. Se é uma música mais triste, como um bolero, você tem que estar compenetrado", conta o sambista.

Aliás, a inclusão da dança no palco não foi apenas para que o público apreciasse o espetáculo. "O público não quer participar do show só aplaudindo e cantando. Quer participar dançando. É uma demanda da galera, que atendemos. E um desafio", conta.

 
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