Jorge Aragão - Divulgação/Leo Queiroz
Jorge AragãoDivulgação/Leo Queiroz
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Jorge Aragão fez 70 anos em março e está até bem mais próximo dos 71 que completa em 2020. Mas a festa pela sete décadas continua. O cantor, que está no meio da turnê 'Jorge70' leva a comemoração para a Quadra da Portela neste sábado (às 13h, com ingressos a partir de R$ 25). No show, aproveita para lançar música nova, 'A Possibilidade', em parceria com ninguém menos que Xande de Pilares. E nada de tranquilidade com relação a novas composições: fazer música nova sempre vai ser um desafio para Jorge.

"Se não for um desafio, não vale a pena. Tem que haver uma vontade de aprimorar cada vez mais. Mas não superar, não é isso, não. Eu não tenho que fazer melhor que nada que já fiz, tenho certeza disso. Até porque cada melodia ou letra foram no seu tempo certo, no momento certo, naquele sentimento que eu tinha na hora", recorda ele, que lança a música nas plataformas digitais amanhã.
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Jorge, por sinal, é só elogios ao parceiro Xande de Pilares. "Dá pra sentir mais ou menos a vibe que o parceiro gosta de navegar, tanto quem escreve quanto quem faz a melodia. O Xande, como outros parceiros que eu tenho, é caprichoso na hora de colocar uma harmonia bem trabalhada, com as nuances que eu gosto, e me sinto à vontade para escrever", conta Jorge.
Aliás, Jorge, casado com Fátima Santos e pai de duas filhas, ainda consegue se colocar no lugar de quem sofre por amor na hora de escrever letras românticas - o que ajudou muito na música nova e vem ajudando em várias outras.
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"A gente sabe do universo dos casais, dos relacionamentos. Então, não é difícil escrever tanta coisa boa e outras não tão boas dentro de um momento do relacionamento das pessoas", diz. "Engraçado, que tem certas músicas que, depois de pronta, você tenta imaginar como seria sendo colocada no ouvido das pessoas; como o povo iria reagir... Isso faz parte muito mais de uma experiência nova, que estou tendo agora, que é fazer samba-enredo. Esse, sim, é um negócio que a gente já escreve cantando, com os braços para cima, como se o povo estivesse cantando junto".
Samba-enredo
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Samba-enredo? Pois é, Jorge não resistiu ao convite da Unidos da Tijuca para compor o hino da agremiação em 2020. O enredo de Paulo Barros, 'Onde Moram Os Sonhos', ganhou composição de Aragão, Fadico, André Diniz, Totonho e Dudu Nobre. Mesmo com mais de 40 anos de música, é a primeira vez que o autor participa de todo o processo da composição de um samba-enredo (antes, tinha colaborado de leve com um samba da Grande Rio).
"E acredita que eu ainda relutei? Topei por conta de muita persistência do Dudu Nobre, que queria formar um grupo para compor. Foi uma experiência totalmente diferente", conta. "É complicadíssimo fazer a historia do samba com sinopse, no enredo. Pude perceber isso agora. Você às vezes resume dois, três quesitos de uma escola numa palavra só. O samba de meio de ano é infinitamente mais fácil, mais emocional, mais visceral".
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Sem escola
Jorge vai lançar 'A Possibilidade' na Portela. Mas não é portelense. Aliás, pode acreditar, o autor de sambas como 'Coisa de Pele', 'Papel de Pão' e 'Eu e Você Sempre' não tem escola de samba. O fato de Jorge sempre ter simpatizado com várias escolas e nunca ter escolhido nenhuma já provocou confusão nas cabeças de amigos.
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"Uma vez a Leci Brandão comentou que eu era Imperatriz por conta da minha proximidade com o Cacique de Ramos. Na época que toquei com Martinho da Vila, disseram que eu era da Vila Isabel. Sou nascido e vivi minha adolescência toda em Padre Miguel e algumas pessoas me relacionaram com a Mocidade Independente!", elenca. "Mas eu gosto de todo o Carnaval, do desfile, do espetáculo visual dentro da avenida. E também de ir para o meio da rua, do bloco, do bate lata, das fantasias. E quando falo fantasia, falo até mesmo de bermuda, chinelo e quando o camarada bota só uma pena na cabeça", conta.
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E a saúde, Jorge?
Jorge recebeu alta em agosto após uma internação em um hospital na Barra da Tijuca, durante a qual passou por uma angioplastia, para desobstruir as artérias do coração. De lá para cá, o sambista, mesmo seguindo uma enorme agenda de shows por causa da turnê 'Jorge 70', vem se cuidando. "A saúde vai vem. Sou de uma família de cardiopatas, isso é genético, e a minha má circulação também. Tenho 22 stents!", conta.
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"Felizmente tenho a tecnologia perto de mim, e ela trabalha ao lado da medicina para facilitar qualquer intervenção. Posso viver sabendo que há profissionais competentes para, no meu caso, chegar até o coração e desobstruí-lo ou consertar o que tem que consertar", completa Aragão. O sambista admite que poderia ajudar caminhando, cuidando mais da alimentação e dormindo com regularidade. "Eu varo a madrugada!", brinca.
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