Último trabalho de Jorge Fernando foi na novela 'Verão 90'
 - Cesar Alves / TV Globo
Último trabalho de Jorge Fernando foi na novela 'Verão 90' Cesar Alves / TV Globo
Por RICARDO SCHOTT

Rio - A televisão brasileira deve muito a Jorge Fernando. O ator e diretor, que morreu neste domingo aos 64 anos, ajudou a mudar a cara das novelas, especialmente no horário das 19h. Com a ajuda de colegas como Guel Arraes (diretor) e Silvio de Abreu (autor), pegou um horário que já era marcado pela descontração, e investiu no humor, com eventuais toques de pastelão. Como na famosa cena de 'Guerra dos Sexos' (1983), em que Fernanda Montenegro e Paulo Autran (os primos Charlô e Otávio, eternos rivais) promovem uma guerra de comida.

Jorge Fernando de Medeiros Rebello morreu devido a uma parada cardíaca ("em decorrência de uma dissecção de aorta completa", avisou numa nota o hospital Copa Star, onde ele fora internado no fim da tarde). Estava afastado das novelas havia dois anos por causa de um AVC e só retornou como diretor e ator neste ano, em 'Verão 90'. O ator nascido no Rio de Janeiro em 29 de março de 1955 tivera o primeiro contato com o teatro na escola em que estudava no Méier. Em 1978 estreou na Globo como ator, interpretando o Reinaldo, um dos quatro jovens da série 'Ciranda Cirandinha'.

Jorge nunca deixaria de atuar, mas começaria a dirigir logo na sequência da série, começando em 'Coração Alado', de Janete Clair, em 1980. Por causa de seu trabalho como diretor em 'Guerra dos Sexos', ao lado de Guel Arraes, ele receberia o prêmio de melhor direção da Associação Paulista de Críticos de Arte. A dupla com Guel ainda aconteceria em 'Vereda Tropical', também de Silvio de Abreu, em 1983.

A época mais produtiva de Jorge viria nos anos 1990, quando cuidou de novelas marcantes com 'Rainha da Sucata' (1990, de Silvio de Abreu), 'Vamp' (1991, de Antonio Calmon) e 'A Próxima Vítima' (1995, também de Silvio), entre outras. Jorge também cuidou de atrações como o humorístico 'Sai de Baixo' (de 2000 a 2001), do infantil 'Gente Inocente', apresentado por Marcio Garcia (2000) e dirigiu Claudia Raia no musical 'Não Fuja da Raia'. O próprio Jorge esteve no teatro, atuando e dirigindo em espetáculos como 'Boom' e 'Salve Jorge'. O ator era também conhecido pela alegria e pela irreverência: em entrevistas e lançamentos de novela, não era incomum que, ao posar para fotos, abaixasse as calças e mostrasse o bumbum.

O corpo de Jorge Fernando será velado hoje na sala Marília Pêra, no Teatro Leblon, Zona Sul do Rio. O velório será aberto ao público das 8h às 10h. De 10h a meio-dia, ficará restrito à família e amigos mais próximos. Às 13h, será realizada a cerimônia de cremação na Capela Ecumênica do Cemitério da Penitência, no Caju, na Zona Portuária.

 

Mãe de Jorge: atriz depois dos 60 anos
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Várias carreiras foram lançadas nas novelas dirigidas por Jorge Fernando. Uma das mais ilustres foi ninguém menos que sua própria mãe, dona Hilda Rebelo, hoje com 95 anos. Com a ajuda de Jorge, Hilda iniciou o curso do Tablado aos 62 e, aos 68, estreou na peça 'Uma Historia de Boto Vermelho'. A mãe do diretor sempre tivera vontade de ser atriz, mas havia sido impedida pelo pai de exercer a profissão.
Hilda acabou trabalhando em várias novelas dirigidas pelo filho, como 'Que Rei Sou Eu' (1989), 'Vamp' (1991), 'Chocolate com Pimenta' (2003) e 'Ti Ti Ti' (2010) - a última foi 'Haja Coração' (2016). A mãe de Jorge foi avisada da morte de seu filho na manhã de ontem, por intermédio da sobrinha do ator, Maria Carol Rebello, e da irmã de Jorge.
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Amigos comentam sobre Jorge Fernando
"Perdi meu norte, meu tudo. A pessoa que me falava tudo que ninguém falava, que me desafiava. Estou destruída" (Claudia Raia, atriz)

"Meu diretor virou anjo, saudades eternas. Obrigada por você ter me respeitado tanto. Sua alegria era única" (Xuxa, apresentadora)

"Os anjos organizaram um grande número de escadaria para sua chegada celeste. Descanse em paz, querido amigo" (Miguel Falabella, ator)

"Fizemos lindas novelas juntos. Todas grandes sucessos porque ele era genial. Adeus, adeus, você vai fazer falta" (Walcyr Carrasco, autor)
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"Obrigada meu primeiro diretor na TV. Te amo, Jorginho, vai na garupa do seu santo" (Marisa Orth, atriz)
"Quanta energia e talento. Obrigado por tudo que esse olhar nos deu: leveza, humor, entusiasmo e vitalidade" (Edson Celulari, ator)

"A testemunha de toda uma geração de humor, o mais alegre, ele e sua bunda de fora. Dirigia novelas, mas nunca saiu dos palcos" (Ingrid Guimarães, atriz)

"Acaba um pedaço inovador de uma geração de novelas e programas, de que você foi o grande responsável" (Lília Cabral, atriz)

"Eternamente grato pela oportunidade que me deu em 2010, para que eu me tornasse o profissional que eu sou" (Caio Castro, ator)

"Ágil, divertido e animado. Esse sorriso, esse olhão azul, tão carinhoso e alegre. Sentindo essa perda tão dolorosa" (Fernanda Souza, atriz)
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