Rio - Linda, inteligente e bem resolvida. Não é uma tarefa difícil admirar Alinne Moraes. Dividindo palco com Ana Beatriz Nogueira, na peça 'Relâmpago Cifrado', em cartaz no Teatro Petra Gold no Leblon, a atriz garante que o público vai se identificar com a história e os conflitos vividos pelas duas médicas protagonistas.
"Acho que a principal conexão com o espetáculo é a empatia. A princípio, a médica que interpreto trata a doença, é muito técnica e prática, enquanto a médica interpretada pela Ana é mais humanista. O embate das duas é bem atual e surpreendente", destaca a atriz, enquanto aproveita para falar do papel do teatro na sociedade, principalmente em momentos de histeria política.
"O teatro sempre teve sua importância em momentos históricos quando essa presença se fez necessária. No contexto político atual, o cenário está bem feio, com episódios de censura no setor cultural, interrupção de financiamento, suspensão de editais e sobrando agressão e grosseria até pra Fernanda Montenegro", critica a atriz, fazendo referência aos xingamentos de Roberto Alvim, diretor da Funarte, à Dona Fernanda.
Viço da juventude
Comemorando 37 anos no mês que vem, Alinne afasta o fantasma do envelhecimento e revela usufruir da jovialidade para viver com mais leveza. "Não quero pensar que com 36 estou chegando nos 40, embora pela lógica, seja inevitável. O viço da juventude dá um despojamento saudável no que diz respeito a se vestir para sair na rua e tal", conta.
De toda forma, Alinne destaca, com bom humor, as vantagens que vêm com o tempo. "Mas a idade traz uma segurança que só a experiência dá. E isso não tem a ver com a disposição de um metabolismo juvenil. Parece clichê e é, mas a verdade é que a experiência substitui o viço. Não que se deva abandonar o colágeno de vez", brinca a atriz.
Pé no chão
Mãe coruja, a atriz reflete sobre a diferença entre sua geração e a de seu filho, Pedro, de 5 anos. Para Alinne, a evolução da tecnologia não implica em um crescimento intelectual dos jovens. "Tenho uma perspectiva contrária ao suposto 'entendimento' de que a criança moderna é mais desenvolvida por conta do domínio de gadgets e games. Do meu ponto de vista, esse tipo de tecnologia é desenvolvida para criar atalhos e facilitar o caminho do raciocínio e do prazer", defende.