Erika Januza:
Erika Januza: "Tudo bem em fazer uma empregada. O que não queremos mais é ser só isso", decretaGlobo/João Miguel Júnior
Por Gabriel Sobreira

No Dia da Consciência Negra, Erika Januza decreta: "Precisamos de oportunidades. Sem ela, não fazemos nada". Aos 33 anos, a atriz espera que mais autores escrevam personagens e tramas para artistas negros, sem estereótipos. "Que nos vejam pelo talento", diz a intérprete da tenista Marina, de 'Amor de Mãe', próxima novela das 21h, que estreia segunda-feira na Globo.

Erika observa avanços, mas ainda sente falta de uma maior representatividade, e não só na TV. "Tudo bem em fazer uma empregada, não vejo problema. O que não queremos mais é ser só isso. Quantos médicos negros existem e juízas, advogadas? Podemos ser qualquer coisa, inclusive empregados ou médicos", defende.

No início da carreira, a atriz conta que ouviu, por telefone, coisas do tipo: 'Erika a gente tentou, mas a revista disse que negro não vende'. "Aí eu, do outro lado da linha, falei: 'como assim não vende?'. Mas as pessoas hoje em dia não estão aceitando esse negócio de 'não vende'. Se não me reconheço no outro, então eu não compro. Somos 54% da população", indigna-se.

CURTINHO

O corte de cabelo, ou o penteado, é outra questão que mexe com a atriz. Há uns três meses, ela abandonou os cachos e optou por um visual curtinho. "Ouvi coisas do tipo: 'Nossa, por que você fez isso? cabelo de homem' ou 'Ah, não está tão bonita quanto era antes'. Seguindo esse raciocínio, a beleza não estava em mim, mas no meu cabelo. Tudo bem, sou assim. Eu quis mudar. Não era transição, porque o meu cabelo já tinha passado por transição, era mesmo um desejo de mudança", explica.

Antes de cortar as madeixas, Erika procurou o diretor artístico José Luiz Villamarim, responsável por 'Amor de Mãe', e falou da vontade de ter um visual novo. Villamarim e os profissionais da caracterização aprovaram a ideia. "Aí eles começaram a fazer os protótipos de como eu seria careca. Aí eu falei: 'Calma, gente, careca não. Vamos com calma'", lembra ela, aos risos.

 

Entre o amor e o trabalho
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Na novela das 21h, escrita por Manuela Dias, Marina tem jornada dupla. Trabalha em um bar e treina muito para ser campeã de tênis. É namorada de Ryan (Thiago Martins), mas sua prioridade no momento é correr atrás do título no esporte e ser uma tenista consagrada.
"Vai rolar esse momento, novela tem que ter esse conflito: o homem que ela ama ou o amor pelo esporte. Já optei pelo amor em vez do trabalho, mas hoje não faria de novo. Era bem imatura e foi só uma vez", conta a atriz, que pratica tênis há quase um ano. "Me apaixonei pelo esporte. Jogo quase todos os dias. Assisto aos jogos, estou vidrada nos campeonatos. Estou batendo uma bolinha, consigo me virar e ainda não precisei de dublê", diz.
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Desapego
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O perfil da personagem, uma mulher prática e esportista, ajudou a atriz a criar coragem para cortar os fios. Mas não foi fácil trabalhar o desapego. Tanto que, quando o cabeleireiro começou a cortar, Erika chorou. "Não foi de arrependimento, mas de ver o quanto corajosa estava sendo. Porque com o meu cabelo sempre falei: 'não tira a ponta'. E eu fiquei feliz com o resultado lindo", conta ela, que recebe em média dez mensagens no Instagram de mulheres que seguem os mesmos passos.
 "Elas cortam também por 'n' razões: 'estava precisando, meu cabelo estava danificado', 'queria mudar' ou 'quero assumir meu cabelo crespo'. Estou até armando um encontrão com todas elas", promete.
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Para a mineira de Contagem, o cabelo representava uma espécie de 'escudo'. "Para estar bonita, tinha que estar com meu cabelo jogado aqui ou ali. E chegou o momento em que me desprendi de tudo isso e entendi que a beleza tem que estar em mim", comemora.
Quando se trata de cuidados capilares, Erika explica que, apesar de agora ser bem mais prático, mantém a mesma rotina. "Não é porque está curto que agora deixo ao Deus dará, não. Eu hidrato, uso produtos legais pra fortalecer. Cresce muito. Aparo de dez em dez, 15 em 15 dias no máximo. Ele está crescendo como nunca", conta.
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