Nicolas Prattes - Globo/Raquel Cunha
Nicolas PrattesGlobo/Raquel Cunha
Por Gabriel Sobreira

Rio - Quando foi convidado para entrar no elenco de 'Éramos Seis', a novela das 18h, da Globo, Nicolas Prattes, 22 anos, nem pensou duas vezes. Topou na hora. Antes de conversar com o diretor artístico da produção, Carlos Araújo, o ator pesquisou tudo que podia sobre a produção. Com o "dever de casa feito", o intérprete explicou para Araújo que gostaria de viver Alfredo, o filho da protagonista cheio de relações conflituosas, mas a oferta da emissora era para Nicolas viver Carlos, o filho mais próximo da matriarca Lola (Gloria Pires).

"Tinha acabado de fazer um personagem que era um boa praça ('Samuca, em 'O Tempo Não Para', novela da Globo)", argumenta. Por mais que o papel oferecido tivesse suas vantagens ("Nunca tinha morrido em novela, sempre quis fazer isso", diz, aos risos), o ator estava certo de que não era bem o que gostaria de fazer. "O Alfredo é muito diferente. O Carlos é aquele 'Caxias', que segue o que tem que ser feito, o bom filho. Acabei de fazer o bom filho, queria fazer uma coisa diferente. No cinema, já fiz ('O Segredo de Davi'). Queria também fazer em novela", defende o intérprete do problemático Alfredo.

CARLOS X ALFREDO

O diretor encontrou uma solução temporária. "Ele me disse: 'Vamos decidir isso (impasse sobre o personagem) no caminhar das coisas'", lembra o carioca. "Fui me preparando como Carlos, tendo aulas como Carlos, lendo, estudando. Aí deu uns dois meses, e ele (diretor artístico) me ligou e falou: 'O melhor para a gente aqui é ter uma mudança, mudar de personagem mesmo'", recorda-se Nicolas.

Logo em seguida, ele ficou sabendo que interpretaria Alfredo. "Foi suado. Estava 'estudando' como Carlos, mas 'dormindo' com o Alfredo. É o personagem que, sem dívida, mais pedi para fazer", orgulha-se.

Quem também está feliz da vida é dona Maria Prattes, 67 anos. Nicolas conta que ouvia o tempo todo a avó materna falar que ele tinha que fazer novela de época. Ela queria que o neto fosse ator para fazer produções épicas. "Quando coloquei o figurino pela primeira vez, já mandei foto, e ela falou que ficou emocionada. Também fiquei. É uma homenagem a ela", conta ele, animado.

Desacelerar para reviver o passado
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Para fugir do maniqueísmo ou clichê, Prattes diz que sempre tenta colocar em cena um pouco de uma humanidade no personagem. O ator acredita que isso ajuda a dar uma nova imagem ao filho de Dona Lola. Sobre eventuais comparações com outras versões, ele encara com tranquilidade. "Se você pegar o Tarcísio Filho (em 1994, na versão do SBT), quando ele viveu o personagem, tinha uns 30 anos, e eu tenho 22. Não tem como a gente querer fazer uma coisa parecida com o que já foi feito. O elenco tem uma média de idade menor", afirma.
Quando questionado sobre os desafios desta versão, Prates fala sobre a forma acelerada que vivemos. "A época é muito diferente da nossa. Não tinha celular, as pessoas se olhavam muito mais no olho, elas conversavam mais. O nosso desafio é ir no tempo deles, no marca-passo deles. Sendo jovem, costumamos falar rápido, não costumamos 'deliciar' as palavras. Isso está sendo um desafio também. A nossa língua portuguesa maravilhosa a gente costuma em vez de escrever 'hoje', escreve 'hj'. E o mundo está pedindo para que a gente faça isso, voltar e desacelerar, fazer como era antes", diz.
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