Séo Fernandes - Reprodução
Séo FernandesReprodução
Por Pedro Logato
Rio - Escritor, líder de um projeto social, pastor de uma igreja, casado e ainda pai de três filhos, esse é o dia-a-dia de Séo Fernandes, que ainda é músico e está lançando um novo disco. Com tanta disposição assim, o baiano, de 38 anos, se prepara para o lançamento do seu segundo álbum. A obra deverá ter uma sonoridade bem diferente da maioria das canções cristãs conhecidas pelos brasileiros, uma linha que já foi apresentada no seu primeiro trabalho. 
"Nós ainda estamos idealizando a forma de lançamento e a quantidade de faixas que esse álbum terá junto com o nosso público. O “Graça, Tambor e Cordas” não é apenas o título do nosso primeiro álbum, é o título de todos os nossos álbuns nesse formato. As primeiras dez faixas foram apenas o capítulo 1 desse projeto. Agora estamos gravando o “Graça, Tambor e Cordas” capítulo 2. A ideia é manter sim a mesma sonoridade e também acrescentar novos ritmos e elementos, sempre dentro da música brasileira", afirmou.
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Séo Fernandes - Reprodução
No primeiro álbum, o artista utilizou muitos tambores e instrumentos africanos de corda para construir a sua sonoridade. Sem querer rotular o seu estilo, Séo garante que as repercussões ao seu trabalho tem sido bem positivas, tanto no meio cristão, quanto no meio secular.
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"Nós temos recebido muitos comentários positivos de ambos os lados. Realmente é o disco diferente de tudo que já vimos. É um projeto que muita gente não consegue classificar ou rotular como sendo gospel ou secular, e isso é o que tem me deixado mais feliz. Particularmente não gosto de rotular a minha arte. Porque pra mim isso pode limitar os ouvintes e admiradores. Eu quero deixar minha música livre pra alcançar cada coração e deixar que as próprias pessoas classifiquem de acordo com o sentimento que receberam", disse.
Natural de Salvador, Séo Fernandes costuma comparecer em alguns eventos contra a intolerância religiosa, um tema bastante debatido no Brasil de hoje. Para o pastor e músico, aqueles que não conseguem respeitar as diferenças estão tendo uma compreensão equivocada do evangelho de Jesus Cristo. 
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"Esse é um assunto que precisa ser debatido massivamente. A intolerância religiosa dos evangélicos parte de uma ignorância a respeito do caráter reconciliador do Pai, unida a uma cultura extremamente racista. Uma igreja que nasceu perseguida não pode terminar perseguidora. Isso tratar de forma cruel o sacrifício de Cristo. Nós precisamos de diálogo, respeito e amor. A gente não precisa acreditar nas mesmas coisas pra se amar e se respeitar mutuamente. Eu sonho em oferecer um pedido de perdão para todo aquele (principalmente os religiosos de matriz africana) que de alguma forma foi alvo de intolerância. Essa é uma das funções da nossa arte e é por isso que usamos tantos elementos africanos em nossas canções", opinou.
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Cidadão soteropolitano, Séo vê que a sua mensagem cristã, que apresenta componentes culturais da capital da Bahia, tem algumas semelhanças com o Rio de Janeiro. "Salvador é o amor da minha vida, é parte de mim. Não me imagino morando em outro lugar. Amo demais a minha cidade, meu povo, minha cultura. Tudo que eu sei sobre a música despertou aqui. Eu sempre disse que percebia muita semelhança entre Salvador e o Rio. Ambas foram totalmente influenciadas pela cultura africana. Por isso além do samba, carnaval, e alegria, essas cidades parecem ser irmãs gêmeas no calor humano, receptividade e carisma. É por isso que gosto tanto do Rio, me sinto em casa, em um pedaço de Salvador em outra região do Brasil".
Recentemente, Séo esteve na capital fluminense e em Niterói para pregar em algumas igrejas. Ele admite que a rotina de pastorear uma igreja, pregar em outras cidades, ser músico e também cuidar da família foi durante um bom tempo bastante desgastante para ele.
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"Inicialmente foi bem difícil, ser pai de três filhos, escritor, pregador, cantor, líder de um projeto social, pastor de igreja e ainda idealizador do projeto Séo Fernandes que envolve: poesia, música, conscientização social e anunciar o evangelho. Passei dias bem difíceis por não conseguir atender a tudo com excelência. Mas chegou o dia em que tive que dividir e delegar funções. Hoje tenho muita gente trabalhando comigo, pessoa que foram unidas por um propósito. É claro que não posso ser substituído como pai, mas posso sim ter outros pastores para liderar a nossa comunidade, outros pregadores que foram fundamentados por mim para falar as mesmas coisas. Posso também alguém para liderar nossos projetos e também para me ajudar na construção das ideias e dos livros que virão. Isso tem me deixado mais leve e mais preciso em tudo que faço", afirmou ele, que fez muitos elogios à Cidade Maravilhosa. "Com certeza! O Rio é uma cidade que tenho em meu coração. Tenho muito amigos aí e é sempre uma alegria grande estar nessa cidade. Eu quero muito ir não só pra cantar ou pregar, mas também pra passear e ter um tempos lazer com minha família".
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Séo Fernandes tem um histórico familiar presente na música. Ele é irmão do cantor Saulo Fernandes, ex-vocalista da Banda Eva. Seu DNA musical bastante plural também influenciou a sua vida como músico.
"Eu sou um cara extremamente brasileiro, amante da música popular. Minha formação musical tem professores como Djavan, Caetano, Gil, João Gilberto, Tom, Chico, Luiz Gonzaga, Dominguinhos entre outros. No senário cristãos gosto muito de ouvir o mestre João Alexandre, Os arrais, Leonardo Gonçalves e Gabriela Rocha. Na música internacional nos últimos anos tenho ouvido bastante uma portuguesa chamada Sara Tavares. E como é bom ter plataformas digitais para nos oferecer todos os seus álbuns desde os mais velhos até os mais recentes", contou.
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