Rio - Alguns comentários do novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Dante Mantovani, estão causando a indignação de artistas e roqueiros do país. Dono de um canal do Youtube, Mantovani, que é maestro, disse em um dos 67 vídeos que "o rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto". E completou: "A indústria do aborto, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo".
Nomeado pelo governo Bolsonaro, Dante entrou no lugar de Miguel Proença, que foi exonerado e ocupava a cadeira desde fevereiro. Nos vídeos, Mantovani declarou ainda que os artistas que cantaram na abertura das Olimpíadas de 2016, como Anitta, Gilberto Gil e Caetano Veloso, "são aberrações sonoras".
As falas do maestro e presidente da Funarte desagradaram Bruno Gouveia, vocalista da banda Biquíni Cavadão, que se limitou a dizer: "Dantesco".
O cantor Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube, é outro que não gostou das declarações de Mantovani, que também é escritor e produtor do curta-metragem 'Deus Acima de Todos', sobre a eleição do presidente Jair Bolsonaro.
Tico acredita que esse tipo de fala serve para desviar a atenção da população dos assuntos mais importantes, como educação, saúde e economia. "A declaração desse novo presidente da Funarte vem de encontro com um padrão estabelecido pelo governo atual, de colocar pessoas que criem pautas absurdas, é permear a sociedade com cortina de fumaça. A gente fica abrindo espaços para debates inúteis como esse. Não dá mais para levar a sério. Isso aí é escárnio", diz o roqueiro.
Indignado, o cantor Leoni classifica o governo atual do país como "neofascista neopentecostal neolítico", enquanto a cantora Marília Bessy se diz "chocada" com as declarações de Mantovani às vésperas de 2020.
Já o guitarrista Edgard Scandurra, da banda Ira!, afirma que o mais vergonhoso e lamentável é ver roqueiros que apoiam o governo Bolsonaro, que estaria "escolhendo a dedo" pessoas para trabalhar em diversas áreas. "Na cultura, parece que especialmente ele tem prazer no viés de perseguição, de encarar a arte e o artista como inimigos", afirma.
*Estagiário sob supervisão de Paulo Ricardo Moreira