Karol Conká, BBB21, big brother brasilReprodução/divulgação/Globo
Por Filipe Pavão*
Publicado 24/02/2021 07:00 | Atualizado 24/02/2021 09:12
Rio - Eliminada na noite desta terça-feira do “Big Brother Brasil 21”, em paredão triplo com Arthur e Gilberto, Karol Conká tem um grande desafio ao voltar ao mundo real: reverter a imagem negativa criada dentro do reality. No “BBB”, a rapper protagonizou cenas de xenofobia contra Juliette, bullying contra Lucas Penteado e brigas com Carla Diaz e Camilla de Lucas, além de ser acusada de manipular falas de outros participantes. Isso fez com que ela fosse eliminada com a maior rejeição da história (99,17%) e perdesse seguidores nas redes sociais, shows em festivais e contratos já assinados. Será que é possível reverter cancelamento da intérprete de “Tombei”?
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Pedro Valério, especialista em Marketing Digital e CEO da agência Allfluence, diz que Karol, assim como Projota, entrou em contradição com as mensagens compartilhadas em suas próprias músicas: “Toda a imagem de um músico é em cima da mensagem. O rap não é uma música pelo virtuosismo musical, mas sim pela mensagem. A música da Karol Conká é em cima do protagonismo da mulher negra... Quando você fere a sua mensagem principal, é muito difícil você resgatar”.
Apesar disso, o especialista em Marketing analisa e diz que é possível reverter a imagem negativa da rapper, mas que isso vai tomar um tempo, principalmente pelo fato do reality ainda estar em exibição até o final de abril. Assim, as atitudes da rapper dentro do jogo ainda vão repercutir nas redes sociais. Ele enxerga duas medidas principais para a equipe da cantora amenizar a situação: se posicionar contra a cultura do cancelamento nas redes e humanizar a rapper.
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“Se eu fosse ela, eu falaria ‘se vocês são contra o cancelamento que eu fiz na casa, não me cancelem porque eu também sou um ser humano’. E provaria isso com o que chamamos de ‘empilhamento de pressão’, que é mostrar que você tem um problema e foi empilhando pressão até te tirar do centro e você não ser você mesmo. Quando as pessoas entendem que, naquela situação, você não estava sendo você mesmo, elas abrem um precedente para voltar a te enxergar como um humano”, reflete Pedro.
Além de Karol, o especialista destaca que o rapper Projota, a psicóloga Lumena e o comediante Nego Di, que foi eliminado na semana passada com 98,76% dos votos, também vão precisar trabalhar bastante para recuperar suas imagens e por terem feito parte do chamado “Gabinete do Ódio”. Ainda acrescenta que só vão conseguir reverter a situação se souberem conversar com o público fiel deles.
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“Você precisa ser muito honesto e direto, fazer uma mea-culpa e se posicionar ao lado da pessoa que foi oprimida pela sua atitude. Se você foi cancelado, você machucou pessoas, independente da sua intenção. Pode não ter sido intencional, mas isso aconteceu”, analisa Pedro.
Ele usa como exemplo positivo a Viih Tube, que foi cancelada no passado e soube reverter a situação, fazendo essa “mea-culpa” e conversando com os seguidores fieis, que consomem, de fato, o conteúdo dela. Com o tempo, os internautas de fora da bolha da influenciadora esqueceram ou amenizaram o ocorrido.

Trajetória de Karol Conká no reality
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A vilã do “BBB 21” começou o programa com 1,6 milhão de seguidores no Instagram e era uma das apostas do público. Mas, agora, cinco semanas depois da estreia e ser eliminada, tem apenas 1,2 milhão. Até uma página chamada “Rejeição da Karol” ultrapassou a rapper e soma mais de dois milhões de seguidores na rede social.
O primeiro episódio que marcou uma imagem negativa na ex-sister ocorreu durante uma fala xenofóbica sobre os costumes da paraibana Juliette, pois a rapper não gostava que ela falasse e tocasse demais nas pessoas. Atribuiu essas características ao povo do Nordeste e que ela, como uma pessoa nascida em Curitiba, no Sul do Brasil, seria diferente e mais educada.
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Em seguida, a cantora foi uma das principais agentes do cancelamento de Lucas Penteado dentro da casa, que pediu para sair do jogo por se sentir perseguido e humilhado. A cena mais impactante dessa relação foi quando Karol expulsou o rapaz da mesa de jantar durante uma refeição. Ela também chegou a dizer ‘lá fora eu vou te pegar’ ao ator.
Internautas ainda acusaram a rapper de manipular pessoas e distorcer discursos durante o breve affair com Arcrebiano, o qual foi suficiente para ter ciúmes da atriz Carla Diaz e protagonizar briga agressiva durante a madrugada de uma festa. Ela ainda partiu para cima de Camilla de Lucas ao acusar a sister de não querer ver duas mulheres pretas no reality.
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Em apenas cinco semanas, todo esse comportamento causou prejuízos para a carreira da rapper. De acordo com levantamento feito pela agência Brunch, a pedido da revista Forbes, o prejuízo pode chegar a R$ 5 milhões. Ela perdeu contrato com uma marca de beleza, shows em festivais e seguidores nas redes. Até o programa “Prazer, Feminino”, que já estava gravado e ia ao ar em fevereiro, não foi exibido pelo canal GNT.
Se a equipe da cantora esperava repetir o sucesso de famosos no "BBB 20", como Babu Santana, Manu Gavassi e Rafa kalimann, agora, encara prejuízos econômicos. O staff financeiro da rapper se preocupa, inclusive, com as contas do “apartamento de luxo” citado pela cantora dentro do reality, o qual tem aluguel de R$ 10 mil e fica em bairro nobre de São Paulo. Além disso, a assessoria artística optou por parar de veicular os vídeos gravados previamente para o Instagram e cancelou, temporariamente, o lançamento de uma música inédita.
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Repensar o cancelamento
Pedro alerta que o cancelamento não ocorre somente no contexto do “BBB” e que existe há muito tempo, mas foi ampliado “pela comunicação agilizada e alcance da internet, além da proteção da identidade”. Nas redes sociais, o cancelador não enxerga as consequências dos seus atos para a pessoa cancelada.
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“Vendo o ‘BBB’, a gente assiste o cancelador [como a Karol Conká], mas também vê o resultado no cancelado [como o Lucas Penteado]. Isso dói e machuca, deixando uma reflexão: se você teve algum tipo de dor vendo que aconteceu com o Lucas e com outras pessoas dentro da casa, repense bastante o seu posicionamento na internet. Por exemplo, quando você vai na página de alguém para xingar e falar que a pessoa faz tudo errado só por ter uma opinião diferente da sua, isso também é cancelamento”, alerta Pedro.
* Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa
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