Portela é celeiro de bambas como Zeca Pagodinho, Mauro Diniz, Noca da Portela, Tia Surica e outros nomesMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Maior campeã do Carnaval carioca, com 22 títulos, a Portela completará 100 anos de fundação nesta terça-feira (11). Para celebrar a data em grande estilo, a Azul e Branco de Oswaldo Cruz e Madureira preparou uma programação especial, que inclui missa, shows, exposição e até um desfile.
A primeira atividade que marca o centenário será uma palestra na Fundação Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, Zona Sul do Rio, nesta segunda-feira, às 14h, que será ministrada pelo ex-presidente da agremiação, Luis Carlos Magalhães. A entrada é gratuita.


Extensa, a terça, dia do aniversário, começará com a celebração de uma missa no Santuário Cristo Redentor, no Corvocado, para convidados e autoridades, às 8h. Outra cerimônia religiosa, na quadra da escola (Rua Clara Nunes 81), às 18h, vai reunir diretoria, componentes e outros membros da comunidade.
Pouco depois, às 20h, na Praça Paulo da Portela, em frente à Portelinha, em Oswaldo Cruz, o público poderá relembrar sambas antológicos em uma apresentação da Velha Guarda Show, com Tia Surica, Jane Carla, Aurea Maria, Neide Sant'anna, Serginho Procópio. Marquinhos do Pandeiro, Rubão da Cuíca, Camarão Netto e outros bambas. A bateria e os demais segmentos também irão participar.
Ainda no dia do centenário, a Azul e Branco, que é berço de bambas como Paulo da Portela, Monarco, Zé Keti, Casquinha, Paulinho da Viola e muitos outros, vai inaugurar, em sua quadra, a exposição "Amor100Fim", com fotogragias de Guy Veloso. A mostra, promovida pelo departamento cultural da agremiação, ficará em cartaz até 12 de junho, sempre nos dias de eventos, ou com agendamento pelo telefone (21) 2137-7831. 

No próximo sábado (15), a escola volta a comemorar o aniversário com outro grande show, desta vez no Parque Madureira, a partir das 18h, com entrada franca. As atrações serão, mais uma vez, a Velha Guarda, além de convidados especiais. 

No dia 16, a Portela fará um desfile comemorativo, a partir das 18h, pela Estrada do Portela. A apresentação será embalada por sambas-enredo históricos da agremiação. A concentração será na Praça Paulo da Portela.

"Eu agradeço muito a Deus por me deixar chegar nessa idade e ver o centenário da Portela. Estou muito satisfeita com esse momento e com tudo que foi planejado para essa semana", exalta Tia Surica, de 82 anos, que é pastora da Velha Guarda e presidente de honra da Portela.

Para Serginho Procópio, compositor, ex-presidente da escola e líder da Velha Guarda Show, o centenário é um motivo de muita felicidade para todos que vivem a Portela. "O portelense é vaidoso, e comemorar o centenário de uma escola com tantos personagens, alguns que ajudaram a fazer a história dessa cultura chamada samba, é motivo de muito orgulho pra todos. Paulo da Portela, Natal, Candeia, Monarco são alguns dos nomes que ajudaram a formar a identidade e história da escola. Temos orgulho de ser pioneiros em tantas coisas, sobretudo em ter contribuído para o carnaval se tornar o maior espetáculo da terra a céu aberto. Uma história que se inspira no passado e vai construindo o seu futuro com novos personagens", destaca Procópio.

No último Carnaval, a Águia Altaneira terminou em 10º lugar, deixando torcedores decepcionados. De acordo com o ex-presidente, a realidade será outra em 2024, após as mudanças. "Já temos um enredo lindo e carnavalescos novos. A Portela sempre esteve na vanguarda", avaliou Procópio, citando os recém-contratados André Rodrigues e Antonio Gonzaga, que serão responsáveis pelo enredo "Um Defeito de Cor", baseado no livro homônimo e premiado de Ana Maria Gonçalves. Outras novidades recentes foram a contratação da porta-bandeira Squel Jorgea e do diretor de Harmonia Julinho Fonseca.
Jane Carla, presidente da ala das baianas da Portela, disse que a Portela fez parte da sua história desde suas primeira memórias. "A Portela vem da minha vó, da minha mãe, do meu pai. Está em mim hoje, na minha filha e nas minhas netas. Sou da quinta geração de portelenses. Falar da Portela é falar do samba carioca. (...) O Carnaval na época que a Portela surgiu era marginalizado, hoje o Carnaval é cultura. Minha família, vó e avô sofriam muito o preconceito, mas hoje o samba é cultura e a Portela tem parte nisso", contou Jane.
Atual presidente da galeria da Velha Guarda da Portela, Aymoré Azevedo, fala sobre a força da Portela, mesmo após um longo período sem títulos no Carnaval do Rio.
"Dos cem anos da Portela quarenta e nove deles eu vivi de corpo presente. Que fantástica é a Portela. Mesmo sem vencer um Carnaval sozinha há anos continua crescendo sua legião de apaixonados, amor que passa de ascendentes para descendentes. Crianças que se encantam com a magia que a águia emana mexendo com a imaginário delas, como testemunho com as crianças do colégio que existe em frente a Portelinha que pedem para ver a águia suspensa no ar no Portelão. Como assim dizia nosso poeta Gil Coelho: 'em memória centenária, mas sempre de vanguarda tradicional, mas sempre se modernizando'.", concluiu Aymoré.