Apaixonada por Carnaval, atriz Leandra Leal é a porta-estandarte do Bola Preta Renan Areias / Agência O Dia

Rio - Completando seu 106º desfile, o Cordão da Bola Preta arrastou uma multidão no Centro, na manhã deste sábado (1º), data em que a cidade completou 460 anos. Considerado o mais antigo e importante bloco do Rio, o Bola Preta presenteou cariocas e turistas com um muita animação, alegria e marchinhas antológicas. Segundo a RioTur, o cortejo levou 500 mil pessoas às  ruas. 

Com o tema "Rio, eu te amo", o bloco iniciou sua apresentação na Rua Primeiro de Março, por volta das 9h, indo em direção à Avenida Presidente Antônio Carlos. 

Em cima do trio, nomes como a atriz Leandra Leal (porta-estandarte), a cantora Emanuelle Araujo (musa da banda) e Paolla Oliveira (rainha do bloco) deram ainda mais charme ao desfile.
"Para mim é uma honra e uma felicidade gigante carregar esse estandarte. E hoje é ainda mais lindo porque é o aniversário da cidade do Rio de Janeiro. É muito bom estar aqui comemorando no Bola Preta. Perfeito", disse Leandra Leal, porta-estandarte desde 2009.
A atriz e cantora Emanuelle Araujo falou sobre a importância de representar o bloco, que foi fundado em 1918. "Todo ano que eu desfilo no Bola Preta e é sempre como se fosse tudo novo. É centenário, mas ultra moderno. Você vê pelos músicos que tocam nessa banda há décadas e décadas sempre com essa energia contagiante e renovada. É por isso que abro meu carnaval aqui para minha agenda", contou a musa.
Para Pedro Ernesto Marinho, de 73 anos, presidente do Bola Preta há 18, é significativo conseguir celebrar mais um desfile do bloco no mesmo dia em que o Rio faz aniversário. Segundo o sambista, a cidade e o bloco se confundem.
"O Bola Preta, da altura dos seus cento e seis anos, vem para homenagear os 460 anos do aniversário do Rio de Janeiro. É um orgulho, uma honra. Nós do Bola amamos o Rio. Sempre dizemos: ' O Bola é o Rio e o Bola é o Rio'. Então é um grande prazer trazer essa alegria do cordão para o aniversário da cidade", declarou o presidente.
O sentimento de Ernesto é o mesmo declarado por dezenas de foliões que acompanharam o bloco ao longo da Avenida Primeiro de Março, sob forte sol e muito calor, desde antes das 9h deste sábado. É o caso da família Guimarães, que vieram de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para manter a tradição do sábado de carnaval. 
"Nós sempre estamos aqui no Bola Preta. Não tem jeito. É a forma como começamos o nosso carnaval e sempre em família", comentou Simone Guimarães, de 50 anos, acompanhada dos filhos, da irmã e da mãe, Cremilda Guimarães, de 74, todos com a mesma fantasia: "A ideia foi entrar na brincadeira", disse.
A tradição também levou o morador de Bonsucesso, na Zona Norte, Ricardo Marinho dos Santos, de 60, para o seu 20º desfile no bloco. "O Bola Preto para mim é o início do Carnaval. Sem o meu Bola, o carnaval não começa. Venho há 20 anos com a mesma fantasia. Nesse ano, eu tive que abrir esse buraco, porque comi um pouco demais", brincou o folião. 
O amor pelo bloco mais antigo do carnaval carioca também trouxe turistas de outros estados para celebrar nas ruas do Centro. É o caso do morador de Campinas, interior de São Paulo, Rogério Borges, que se fantasiou do Profeta Gentileza, uma das figuras mais icônicas da cidade.
"Eu quero homenagear é o povo do Rio de Janeiro, o carioca. Agradecer por todas as belezas naturais, pelo povo, que, apesar de todos as dificuldades, carências, é um povo que consegue transformar isso em alegria. O Bola Preta é a maior lembrança que tenho desde criança, jovem, do Rio de Janeiro. É o que há de mais multicultural. Aqui tem todas as raças, todas cores, todas as crenças", afirmou o engenheiro mecânico que, de tanto amor pelo Rio, pretende se mudar para a cidade maravilhosa: "Logo logo". 
O mineiro Heuder Santana, de 38 anos, acompanhou, pela primeira vez, Bola Preta. Fantasiado de piloto de Formula 1, em homenagem a Ayrton Senna, ele já se mostrou apaixonado pelo bloco. "A energia aqui é algo incrível." 
Outros
Além do Bola Preta, a manhã de sábado teve outros blocos tradicionais, como o Céu na Terra, em Santa Teresa, o Amigos da Onça, no Flamengo, o Terreirada, em São Cristóvão, e o Barbas, em Botafogo, que completou 40 anos.
Fundada por Albino Pinheiro, a Banda de Ipanema, um dos símbolos do Carnaval da Zona Sul, também foi às ruas.