Alegoria da União de MaricáReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A primeira noite da Série Ouro na Sapucaí teve como principais destaques a União de Maricá e a Estácio de Sá. A União da Ilha, que encerrou a maratona de oito desfiles já com sol aparecendo, neste sábado, também empolgou o público. Já a Inocentes de Belford Roxo teve muitos contratempos. Desfilaram, ainda, Arranco, Em Cima da Hora e Unidos da Ponte, que não foi avaliada pelo júri por ter perdido boa parte das fantasias no incêndio da Maximus Confecções, em Ramos, no último dia 12. 

Botafogo Samba Clube

Mesmo sendo a primeira a desfilar, a Botafogo Samba Clube não entrou tímida na Avenida. Com um samba que empolgou o público, uma comissão bem coreografada e didática, a escola fez uma estreia quente e destemida. Com o enredo "Uma Gloriosa História em Preto e Branco", a agremiação do carnavalesco Alex de Souza fez sua estreia na Sapucaí contando a história do clube e usou 55 minutos, de acordo com o site Carnavalesco.

Na comissão de frente, o coreógrafo Jardel Lemos trouxe 15 componentes, que representaram em dois atos, a chegada portuguesa nos mares cariocas e a força do clube. A coreografia girou em torno de bailarinos representando navegantes e depois jogadores de futebol, com uma coreografia sem uso de elemento cenográfico.

Botafoguenses ilustres como os humoristas Marcelo Adnet e Helio de La Peña participaram do desfile, assim com o dono da SAF do Glorioso, o empresário John Textor.

União de Maricá

A União de Maricá foi a sexta da noite. Como diz a letra do samba, “Maricá chegou pra vencer”, e, pelo que apresentou na avenida, as chances dessa profecia se concretizar são grandes. A novata correspondeu às expectativas com um desfile que ressaltou todo o apuro estético do carnavalesco Leandro Vieira, entregando um espetáculo visual imediato, tanto em alegorias quanto em fantasias. Além do impacto estético, a escola se destacou pela narrativa bem construída do enredo, que foi contada de forma clara e envolvente ao longo do desfile, conforme analisou o site Carnavalesco.

A agremiação cantou o enredo “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete”, que abordou a figura de Seu Sete, um exu da umbanda carioca, em um desenvolvimento primoroso de Leandro Vieira. Outro ponto alto foi a comissão de frente, assinada por Patrick Carvalho, que impressionou com um conceito cênico impactante e uma execução de alto nível. A União de Maricá encerrou sua apresentação dentro do tempo regulamentar, com 54 minutos, consolidando-se como uma forte candidata ao título. O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, desfilou à frente da escola.

Estácio de Sá

Campeã do Grupo Especial em 1992, a Estácio teve um início animador com boas apresentações da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira, aliados a um alto rendimento do samba-enredo e do canto dos componentes. Mas, do meio do desfile para o final, a escola, que tinha uma evolução com fluidez, errou um pouco antes da entrada da bateria do segundo recuo, quando a ala de passistas abriu espaço dentro da própria ala, gerando um buraco em frente ao último módulo de julgamento.

Já na parte plástica, a Vermelho de Branco trouxe um bom conjunto visual em termos de cores e soluções estéticas, apesar dos problemas no acabamento. Com o enredo “O Leão se Engerou em Encantado Amazônico”, a Estácio, que foi a quinta a desfilar, encerrou com 54 minutos.

A bateria Medalha de Ouro, de mestre Chuvisco, veio como "invasores: cobiça" representando os primeiros vindo do continente europeu que deslumbram-se com as belezas amazônicas. A rainha Tati Minerato estreou no posto.

Arranco

O Arranco foi a segunda agremiação a passar pela Avenida. Mostrando o enredo “Mães que alimentam o sagrado”, desenvolvido pela carnavalesca Annik Salmon, a escola fez um desfile redondo e criativo com um enredo que trouxe com enorme clareza em suas alegorias e fantasias a ideia da força das mães, desde a crença iorubá até as mulheres do cotidiano atual. Um enredo de mensagem forte e necessária que embalou um samba que obteve um excelente desempenho.

A escola teve que apressar um pouco o passo nos minutos finais para passar no tempo limite e conseguiu, encerrando o seu desfile em 55 minutos. No conjunto o Arranco fez um desfile de bom nível com vários quesitos fortes

Inocentes

A Inocentes de Belford Roxo, terceira da noite, enfrentou dificuldades ao longo de sua passagem pela avenida. O principal problema ocorreu com o tripé da comissão de frente, que quebrou e não pôde entrar, comprometendo a apresentação. Além disso, a evolução da escola foi irregular, resultando em um estouro de um minuto no tempo regulamentar. Apesar dos contratempos, os destaques ficaram por conta da reedição do enredo de 2008 da própria agremiação e da performance do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Machado e Jaçanã Ribeiro, que desempenharam suas funções com grande desenvoltura.

A Caçulinha da Baixada reeditou o enredo “Ewe, a cura vem da floresta”, que aborda o conhecimento ancestral da cura por meio das folhas. O tema foi desenvolvido pelo carnavalesco Cristiano Bara, que na versão original, em 2008, atuou como assistente de Jorge Caribé. A escola encerrou sua apresentação com um tempo total de 56 minutos.

Ponte

Quarta da se apresentar, a Unidos da Ponte levou ao público uma reflexão sobre a relação dos seres humanos com a Terra e os desafios ambientais contemporâneos, com o enredo "Antropoceno". A agremiação de São João de Meriti abordou a perda de biodiversidade no mundo e o aumento das mudanças climáticas, trazendo uma mensagem de esperança. Devido ao incêndio que consumiu parte de suas fantasias, a agremiação desfilou na condição de "hors-concours", não podendo ser rebaixada e nem disputar o título.

Em Cima da Hora

Penúltima do primeiro dia, a Em Cima da Hora apresentou "Ópera dos Terreiros - O Canto do Encanto da Alma Brasileira", exaltando a riqueza cultural e religiosa do Brasil. 

Ilha

A União da Ilha do Governador contou a história da italiana Marietta Baderna, que ficou conhecida por unir a cultura erudita com danças populares. O desfile sobre a bailarina do Scala de Milão que escandalizou a elite carioca no século XIX, tendo o sobrenome "transformado" em sinônimo de bagunça na língua portuguesa, foi assinado pelo carnavalesco Marcus Ferreira, ex-Mocidade. Com boas alegorias e muita garra, a Ilha empolgou o público.
Com informações do site Carnavalesco