Paraíso do Tuiuti contou a história da primeira travesti documentada do Brasil em desfile na SapucaíReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - Segunda escola a desfilar, já na madrugada desta quarta-feira (5), o Paraíso do Tuiuti entrou na avenida com o enredo 'Quem tem medo de Xica Manicongo?', que homenageou a primeira travesti não indígena do Brasil.
O abre-alas teve problemas para manobrar na entrada da Sapucaí, causando um grande prejuízo na evolução e harmonia. No fim, o quinto e último carro teve problemas para entrar na passarela e os componentes tiveram que correr para não estourar o tempo. A apresentação deixou buracos entre as alas e fechou com exatos 80 minutos. Além disso, a escola não conseguiu levantar o público com o samba.

Destaque positivo, a comissão de frente trouxe a deputada federal Erika Hilton (Psol). Antes do desfile, ela realizou um inflamado discurso em defesa dos direitos transexuais e foi aplaudida no Sambódromo.

"Quem diria que, depois de 40 anos de Sapucaí, uma mulher grande, preta e trans seria o enredo do maior espetáculo do mundo. Se estou aqui é porque ela abriu essa porta para mim e para tantas outras estarem aqui. Então, salve Xica Manicongo! Viva Xica Manicongo! Viva as mulheres trans do Brasil, do mundo, que lutam por igualdade", disse a parlamentar.

Além de Érika, o desfile contou com a presença de personalidades trans e travestis da sociedade brasileiras de diversas áreas. Na última alegoria, 'Traviarcado', desfilaram a deputada estadual do Rio Dani Balbi (PC do B), a deputada federal Duda Salabert (PDT) e a cantora, atriz e apresentadora Linn da Quebrada, entre outras 26.

Escravizada em Salvador durante o século 16, Xica se recusava a vestir trajes masculinos, o que desafiava as normas de gênero da época. Inicialmente, ela foi documentada como homossexual e, apenas nos anos 2000, passou a ser considerada travesti, se tornando símbolo de resistência para a comunidade trans.