Milton Cunha, apresentador do Carnaval na TV Globo, fez um discurso falando do preconceito na sociedade contra a comunidade LGBTIAPN+, durante a transmissão do desfile do Paraíso do Tuiuti. A Azul e Amarelo entrou na avenida com o enredo "Quem tem medo de Xica Manicongo?", que homenageou a primeira travesti não indígena do Brasil, já na madrugada desta quarta-feira (5).
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"Eu, do meu lugar de fala, tiro o chapéu para escolas de samba como a Tuiuti, tiro o chapéu para o presidente [Renato] Thor, por ter coragem de nos trazer, nós, LGBTIAPN+, excluídos, apontados, assassinados, para esse lugar de visibilidade que é a Marquês de Sapucaí. Obrigado, TV Globo, por me contratar. Eu, uma maricona velha, assumida, pintosa e estou aqui falando viva. Todos os seres humanos, parem de nos matar. O Brasil é o país que mais nos mata no mundo", afirmou.
"É dramático, é veemente. Cada dedo que nos apontam, cada olhar. Nós somos crianças espancadas, nós somos crianças jogadas para escanteio. A gente não pode ir na sala porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente", disse.
Escravizada em Salvador durante o século 16, Xica se recusava a vestir trajes masculinos, o que desafiava as normas de gênero da época. Inicialmente, ela foi documentada como homossexual e, apenas nos anos 2000, passou a ser considerada travesti, se tornando símbolo de resistência para a comunidade trans.
"Que venha a Tuiuti, que venha Xica Manicongo nos representar e dizer: 'Nós somos seres humanos, nós merecemos todo o respeito do mundo. Viva a tolerância, viva a democracia, viva a fraternidade, viva o humanismo!'", concluiu Milton.
Manifestações por igualdade
A deputada federal Erika Hilton (PSOL) estava na comissão de frente do Paraíso do Tuiuti e fez um discurso em defesa dos direitos transexuais. "Quem diria que, depois de 40 anos de Sapucaí, uma mulher grande, preta e trans seria o enredo do maior espetáculo do mundo. Se estou aqui é porque ela abriu essa porta para mim e para tantas outras estarem aqui. Então, salve Xica Manicongo! Viva Xica Manicongo! Viva as mulheres trans do Brasil, do mundo, que lutam por igualdade", disse.
Além de Érika, o desfile contou com a presença de personalidades trans e travestis da sociedade brasileira de diversas áreas. Na última alegoria, 'Traviarcado', desfilaram a deputada estadual do Rio Dani Balbi (PCdoB), a deputada federal Duda Salabert (PDT), a cantora, atriz e apresentadora Linn da Quebrada, entre outras.
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