Unidos de Padre Miguel abriu o primeiro dia de desfiles no EspecialReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Unidos de Padre Miguel protesta antes de plenária e contesta apuração: 'Escola foi severamente prejudicada'
Agremiação da Zona Oeste foi rebaixada para a Série Ouro
Rio - A Unidos de Padre Miguel manifestou nesta terça-feira (11) sua indignação com o julgamento do Carnaval 2025. A agremiação, rebaixada para a Série Ouro, alega ter sido prejudicada por uma falha técnica de som que durou 17 minutos e por um ato de intolerância religiosa, após uma jurada penalizar o uso de termos em iorubá no samba-enredo. A escola reivindica a revisão do julgamento e pressiona outras agremiações a se posicionarem antes da plenária da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
De acordo com a UPM, o problema de sonorização comprometeu a execução do desfile e impactou diretamente a avaliação de quesitos como harmonia, evolução, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, e comissão de frente.
"O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos Padre Miguel vem a público expressar sua total indignação diante das injustiças que marcaram o julgamento do Carnaval 2025. A Escola foi severamente prejudicada por uma falha técnica de som que durou longos e inaceitáveis 17 minutos, comprometendo diretamente a execução do desfile e a avaliação de quesitos essenciais como harmonia, evolução, bateria, mestre-sala e porta-bandeira e comissão de frente. Essa falha gravíssima e sem precedentes, teve impacto direto na performance de nossos componentes, o que não ocorreu com nenhuma outra agremiação", diz a nota oficial da escola.
Além disso, a escola afirmou que ainda não teve acesso ao laudo técnico da sonorização da Sapucaí. "Seguimos sem acesso ao laudo técnico da sonorização da Avenida, documento crucial para esclarecer os fatos e garantir a transparência que o espetáculo do Carnaval exige".
Outro ponto que gerou indignação na UPM foi a justificativa de uma jurada para penalizar a escola no quesito samba-enredo. A julgadora alegou que houve um "excesso" de termos em iorubá na letra, o que foi amplamente criticado por integrantes da escola e até pelo presidente da Liesa, Gabriel David. Ele garantiu que a jurada não terá seu contrato renovado para o Carnaval de 2026.
"Além disso, a Escola foi alvo de um ato de intolerância religiosa inaceitável. Um dos jurados, sob a alegação de 'excesso de termos em iorubá' no samba-enredo, penalizou a UPM de forma discriminatória, desconsiderando a importância cultural, histórica e espiritual de nossa narrativa. O enredo da UPM celebrou a ancestralidade afro-brasileira e a herança sagrada do Candomblé, e não aceitaremos que o racismo religioso seja normalizado em um espaço que deveria ser de exaltação da diversidade. O Carnaval é a maior manifestação popular do país, um palco de resistência e celebração das nossas raízes, e qualquer tentativa de silenciamento ou apagamento cultural deve ser combatida com rigor", repudiaram.
Pressão antes da plenária da Liesa
A agremiação afirmou que espera a revisão da perda de pontos no julgamento. "Não bastassem esses pontos centrais, houve incoerências evidentes no julgamento de outros quesitos e punições desproporcionais se comparadas a outras escolas. Reconhecemos o compromisso já manifestado pela Presidência da LIESA em convocar uma plenária para discutir essa situação e reforçamos a necessidade de que essa reunião ocorra com a máxima urgência. A justa avaliação dos recursos da UPM não apenas corrigirá uma grande injustiça, mas também fortalecerá a credibilidade do Carnaval".
A UPM também reforçou que sua permanência no Grupo Especial não deve ser tratada apenas como uma questão administrativa, mas como uma necessidade de justiça. "A manutenção da Unidos de Padre Miguel no Grupo Especial não pode ser vista apenas como uma mera questão administrativa, mas sim como um gesto de justiça e reparação. O Carnaval pertence ao povo, e a força da comunidade já demonstrou que não aceitará arbitrariedades. Corrigir esse erro não é apenas um dever para com a UPM, mas uma ação essencial para restaurar a confiança na lisura dos desfiles e reafirmar a Sapucaí como o templo da cultura e da igualdade."
A plenária que pode decidir a reversão do rebaixamento acontecerá em breve, com a presença das 12 escolas do Grupo Especial, incluindo a recém promovida Acadêmicos de Niterói.
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