Por karilayn.areias

Rio - É sempre difícil decidir quando se pode dar um passo à frente. Emílio Orciollo Netto também já viveu esse dilema, mas encontrou a resposta em seus 25 anos de carreira, completados este ano. Entre suas questões, estava saber o momento certo de trocar de lugar nos palcos e ver a atuação com outros olhos, agora de diretor.

Neste sábado, Emílio faz a sua estreia na direção com a peça ‘Atrás da Porta’, de Fernando e Guilherme Scarpa, que traz Maria Eduarda de Carvalho (a Vanessa de ‘Em Família’), Bruno Padilha, Leandro Baumgratz e Luiza Scarpa no elenco. “Este é um momento em que eu me sinto mais seguro, querendo arriscar, sair da zona de conforto. Mas, claro, nunca deixando de ser ator, que é o meu grande barato”, confessa.

Emílio%3A 'Minha direção é bastante voltada para a interpretação do ator%2C respeito a individualidade de cada um. Quando o texto é bom e os atores são'Rogério Lorenzoni/Globo

Foi o texto contemporâneo do espetáculo que despertou a vontade de dirigir em Orciollo. “O texto fala de sexualidade, relações, e as pessoas se identificam. A leitura dele causa estranheza, inquietude, e o público fica ligado o tempo inteiro. É um texto atual e isso me interessa. Para o diretor, é bom trabalhar com essa relação de amor e ódio, encontros e desencontros, lugares em que as pessoas deixam cair suas máscaras”, explica.

Emílio ainda está se acostumando à nova função, mas tenta dar um toque bem pessoal em seu trabalho. “Está sendo uma experiência maravilhosa, muito legal. Minha direção é bastante voltada para a interpretação do ator, respeito a individualidade de cada um. Quando o texto é bom e os atores são bons, tudo fica mais fácil. Já conhecia a Maria Eduarda, que é uma atriz consagrada, e os outros também estão arrebentando. Meu trabalho nada mais é do que levantar a bola para eles cortarem.”

O ator acredita que está seguindo os passos de bons mestres. “Grandes atores como Selton Mello e José Wil-ker já atuavam e dirigiam. Tanta gente boa faz isso. Como diretor, tenho mais autonomia, posso escolher as possibilidades de como contar uma história com o meu olhar.” E é tempo de festejar. “Completo 25 anos de carreira este ano, estou com o monólogo ‘Também Queria te Dizer’ viajando pelo Brasil e agora dirigindo. Acabei de fazer 40 anos e acho que as melhores coisas na minha profissão estão por vir. Também estou mais interessante como pessoa, como homem. Inclusive vou casar este ano”, comenta o ator.

Diante de tanta bagagem, Emílio confessa que se sente bem à vontade para dizer ‘não’. “Poucas vezes, eu neguei algum trabalho. Tem certos autores por quem tenho muito carinho. Acho legal ter parcerias. Hoje, posso dizer o que eu quero. Quero textos bons, bons filmes, continuar aprendendo. Não quero gente chata na minha vida nem quero perder tempo com coisas que não fazem sentido.”

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