Por karilayn.areias

Rio - Uma vida dupla para Lucas Silveira. Aos 32 anos, o vocalista da banda gaúcha Fresno está na estrada com o grupo, relembrando um disco que compuseram na pós-adolescência (‘Ciano’, lançado em 2006)’. Pai de uma filha de cinco meses, Sky (com a skatista Karen Jonz), ele vive o amadurecimento na vida em família e como compositor no segundo disco de seu projeto solo, Beeshop, ‘The Life And Death of Beeshop’.

Lucas Silveira%3A 'Acho que ser pai ainda não repercutiu nas minhas letras'Divulgação

“Mas acho que ser pai ainda não repercutiu nas minhas letras. Mudou minha relação com o mundo. Enfim, saber que alguém depende de ti...”, filosofa, lembrando que já havia dualidade entre juventude e maturidade em ‘Ciano’. “Foi a primeira vez que consegui olhar para minha adolescência e falar sobre ela. Quando tu tem 18, 20 anos, é exagerado, acha que tudo vai durar para sempre. E o sucesso do disco se deve a um monte de adolescentes se identificarem com isso”, conta falando sobre hinos do desespero juvenil como ‘Quebre as Correntes’ e ‘Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco de Minhas Lágrimas’. “Essa última tem as inseguranças que eu tinha na época. Eu falava de coisas que eram muito urgentes para mim. Me orgulho mais dessa música do que de canções sugeridas por empresários ou produtores, achando que elas iam estourar”.

No Beeshop, Lucas canta somente em inglês e põe para fora influências de Queen, Swans (banda de rock americano experimental) e toques de David Bowie, em músicas como ‘Good Love’, ‘We Dance Like Idiots’, ‘Oneonta’ e ‘Planets Allign’. “O primeiro disco (‘The Rise And Fall Of Beeshop’, de 2010) era música para sorrir e cantar na estrada. No título do novo tem ‘vida’ e ‘morte’, que é f..., mas é uma brincadeira ”, diz.

Antes mesmo das redes sociais virarem mania, o Fresno já se divulgava de forma independente na internet. Rotulados como banda emo, aprenderam rápido a lidar com os odiadores da web. “Na época, eles eram anônimos. Diferente do ‘hater’ que hoje tem nome, foto, foto do filho e fala ‘tem que morrer!’ Foi f..., me perguntava por que odiavam a gente. Nem éramos do tipo ame ou odeie”, espanta-se.

Com o sucesso, o grupo iniciou união com o produtor Rick Bonadio, hoje jurado e produtor da versão brasileira do programa ‘X Factor’, e com quem se desntenderam em 2010 — Rick disse que “o talento do Fresno é fazer canções românticas, não rock pesado”. “Rolavam diferenças na maneira como víamos música. Eu falava: ‘Para ti é mais uma banda, para nós, é nossa vida’”, conta. ”Não há arrependimento, só que a vida te empurra para umas coisas e tu vai. Era isso ou o ostracismo. Mas aprendemos muito com ele”.

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