Por karilayn.areias

Rio - A sorte de Silvana (Lilia Cabral) está lançada em ‘A Força do Querer’. Na mesa de pôquer, ela aposta alto e perde muito dinheiro, quase sempre. No capítulo desta quarta-feira, ela se afundará ainda mais em dívidas e mentiras ao falsificar um cheque do marido, Eurico (Humberto Martins), para pagar outro infortúnio de jogo. Ele descobrirá um rombo em sua conta bancária, mas nem desconfiará da mulher, por enquanto.

Lilia CabralDivulgação

“Ela sempre dá uma desculpa que ele acredita, porque gosta dela. Mente, consegue iludir e manter esse relacionamento. Não é à toa que a música da personagem, ‘Dom de Iludir’ (na voz de Nana Caymmi), cai muito bem para a Silvana”, diz a atriz.

Na trama de Gloria Perez, o drama de Silvana é mostrado, ao mesmo tempo, de forma leve e igualmente séria. Para a atriz, isso é muito positivo. “Além de facilitar a compreensão, ajuda a encarar esse problema tão difícil, doloroso, com mais clareza”, acredita.

Apesar do esforço da arquiteta para esconder do marido o vício pelo jogo, as consequências são graves. “É claro que a Silvana chegará ao fundo do poço. Depois do capítulo 100 (já exibido), começa a apontar o caminho que ela vai encarar, e como vai sair dessa aí só a Gloria pode responder”, despista a atriz.

DESFECHO

Por conhecer a autora, Lilia tem até uma ideia de como Gloria poderá conduzir as cenas seguintes. Segundo ela, o final deve ser pertinente ao que acontece com os viciados em jogo. “De qualquer maneira, uma visão otimista com horizonte é sempre bom, para que as pessoas vejam que, se tratando, você tem condições de viver uma vida digna dentro de uma sociedade”, afirma.

Aos 59 anos, Lilia conta que tem sido muito abordada nas ruas. “As pessoas que jogam não me abordam, mas as famílias dos jogadores, sim”, revela. “Elas fazem questão de dizer que é dessa forma mesmo (que retratamos). A mentira (do viciado em jogo) vem em primeiro lugar, ao mesmo tempo que tem essa negação, o tempo inteiro, de dizer que ela não é uma viciada”, complementa.

Lilia Cabral interpreta uma mulher viciada em jogoDivulgação

Um exemplo foi quando a atriz foi ao cabeleireiro e duas pessoas a pararam para falar que se identificavam com a trama abordada. “Uma delas disse que a mãe jogava, gastando a própria aposentadoria. E isso é muito sério porque a pessoa joga o que tem. A outra disse que não era viciada em jogar, mas sim que tinha uma compulsão por compras. E perguntei se ela havia conseguido se livrar daquilo, e ela, toda vestida com roupas de grife, respondeu que sim (risos)”, diverte-se.

SATISFEITA COM O QUE TEM

A atriz paulistana revela que nunca foi desesperada por ter nada. “Na minha criação, eu fui ensinada a me satisfazer com as coisas que eu tinha. Creio que a insatisfação não resolvida gera ansiedade, que é o mal do século 21”, frisa ela, que também não é muito fã de celular. “Não gosto de grupos de Whatsapp, participo de um ou dois, mas nunca mando nada. Às vezes, mando um coração para verem que estou viva (risos). Celular é importante, mas não sou escrava dele. Graças a Deus!”, justifica.

COMPOSIÇÃO

Para compor a jogadora, Lilia não buscou inspiração em ninguém em especial. Ela conta que as pessoas que jogam escondem isso por anos e, às vezes, elas nem se dão conta que têm essa compulsão. A atriz conversou com várias pessoas. “Fui até o JA (Jogadores Anônimos). O que me surpreendeu é que o semblante das pessoas é muito tranquilo, porque eles têm a consciência do vício diferente de um alcoólatra, que tem a parte física alterada. E deixei para fazer essa pesquisa mais adiante, quando a personagem tiver num momento de perdas maiores”, explica.

Lilia ressalta que sua personagem não se sente viciada, que Silvana acredita que o que ela faz é uma válvula de escape, um prazer. “Dizem que, quando a pessoa percebe que está viciada, ela já perdeu quase tudo. Resumindo, chegou literalmente ao fundo do poço. Vou deixando para descobrir passo a passo como administrar o sentimento dela”, salienta.

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