Gizelly Bicalho vai lançar o curso 'Sentinelas - Empoderando Mulheres' Roberto Trumpas

Rio - De janeiro a abril de 2020, Gizelly Bicalho conquistou o Brasil ao ser confinada na casa mais vigiada do país. Mais de um ano após sua participação no "BBB20", a advogada aproveita o alcance conquistado durante o reality para divulgar informações relacionadas ao Direito. Com mais de 4,5 milhões de seguidores no Instagram, a ex-BBB usa a plataforma, principalmente, para conscientizar seu público sobre questões ligadas à violência contra a mulher.
"Informação é poder e liberdade. Precisamos ensinar as pessoas quais são as leis que as protegem, a quem devem recorrer em uma situação de risco, qual o melhor caminho a se tomar. Ter esse lugar de fala, falar diretamente com milhões de pessoas me anima mais e mais, pois precisamos retomar nosso lugar enquanto mulheres na sociedade", declara Gizelly em entrevista ao DIA.
No início deste ano, a influenciadora chegou a representar Duda Reis nas acusações contra o cantor Nego do Borel. Em julho, outro caso que teve grande repercussão na mídia foi quando o DJ Ivis foi preso após sua ex-esposa divulgar imagens das agressões que sofria pelo artista. Para Gizelly, ambos os casos revelam como o machismo afeta a população brasileira de uma forma geral.
"O que aconteceu nestes dois casos que vieram para a mídia, como em todos que acontecem, só nos lembrou que essa violência não depende de classe social, a violência doméstica acontece em todos os níveis sociais e em todas as classes, porque ela é fruto deste machismo que tentamos derrubar todos o dias", afirma.
A advogada ainda lembra que, durante a pandemia de coronavírus, as denúncias por agressão cometidas por familiares se tornaram ainda mais recorrentes. "Temos números de casos de violência doméstica e familiar quase que na estratosfera. E com a pandemia esses casos só aumentaram, pois as vitimas ficaram mais tempo com seus agressores", explica.
Por outro lado, Gizelly defende a educação como uma solução para o problema da violência doméstica: "Educarmos as nossas crianças para que entendam que homens e mulheres são iguais, que nós mulheres não somos objetos, ou seremos tratadas como tal. Educar instruindo as mulheres para que elas possam identificar um relacionamento abusivo, em que muitas das vezes elas não sofrem violência física, mas sim uma violência psicológica e precisam sair daquilo, aprender a se defender."
A advogada cita a Lei Maria da Penha, que completou 15 anos desde que foi sancionada no dia 7 de agosto de 2006, mas critica outro problema existente nas organizações de segurança pública. "Infelizmente, as pessoas que estão exercendo os seus cargos acabam que não acreditam no relato da vitima, e deixam [a denúncia] passar. É o caso, por exemplo, da Delegacia da Mulher, onde a maioria são homens delegados  --quando, na verdade, deveriam ser cargos assumidos por mulheres", reforça Gizelly.
Aproveitando o alcance das redes sociais, a ex-BBB se uniu à colega de confinamento Marcela McGowan e à advogada Izabella Borges para lançar o projeto Sentinelas. O trio utiliza os canais em plataformas como Instagram e Twitter para transmitir conhecimento para outras mulheres. "O nosso principal objetivo é empoderar mulheres através de informações sobre violência de gênero, sobre auto cuidado, sobre autoamor", conta.
E como extensão da iniciativa, Gizelly esteve ocupada durante o primeiro semestre de 2021 preparando o curso "Sentinelas - Empoderando Mulheres", que será lançado em breve, com aulas online. Todo o projeto é resultado de uma transformação que a própria Gizelly passou após o "BBB20", de onde saiu mais forte e confiante do que nunca. Sobre o curso, a advogada explica:
"É uma lacuna vazia que estamos preenchendo, pois, como aparadora de direito, como mulher e cidadã, eu sentia falta. Como foi nossa história enquanto mulheres? Pra onde ligar quando eu sofrer um abuso? O que devo fazer para me proteger? Perguntas essas que vamos tentar sanar neste curso. São aulas que vamos dar para todos, do mais leigo ao mais culto, para que as pessoas tenham o simples acesso a informação."
*Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa.