Franciane Andrade no Encontro com Fátima Bernardesreprodução de vídeo

Rio -  A digital influencer Franciane Andrade, de 23 anos, falou pela primeira vez sobre o estupro que sofreu durante uma das festas do peão mais tradicionais do Brasil, a Jaguariuna Rodeo Festival, no interior de São Paulo, em novembro. Ao 'Encontro com Fátima Bernardes', da TV Globo, nesta quinta-feira, ela revelou como se sentia. “Estou em pedaços. É como se tirassem toda a minha alegria. Mas eu estou passando pela psicóloga. Ela está me dando todo o apoio", começou ela. 
Em seguida, Franciane contou o que lembra do caso. "Eu lembro de ir no ônibus, de chegar na festa, tinha muita gente. A gente recebeu a pulseirinha do camarote e uma máscara que foi fornecida. Subimos pro camarote. Ali a gente mesmo servia as bebidas. Depois, desci pra pista premium, para ficar de frente pro palco. Estava ali curtindo o show, animada e depois não lembro de mais nada. Isso que é o grave", disse.
Ida à Upa e à delegacia
A influencer só percebeu que poderia ter sido vítima de uma violência sexual no segundo dia. "Comecei a desconfiar depois que, no mesmo dia que aconteceu o fato, eu fui à Upa. Estava passando mal, vomitando. Meus pais me levaram à Upa. Agradeço meus pais por todo apoio. Na segunda noite, comecei a sentir fortes dores na barriga e na musculatura da vagina. Minha mãe me disse que faríamos o B.O e ver o que aconteceu", relatou Franciane.
Ela foi à princípio na delegacia de Mogi Guaçu e não teve o apoio esperado. "Fui muito mal recebida na delegacia. Desacreditaram da minha palavra. Relataram o B.O ali do jeito que a escrivã queria, não deu apoio nenhum. Depois que fui lá de novo, que souberam do relato do legista do IML, a Delegada Gisele me ajudou muito, que é de Mogi Guaçu, e agradeço muito a ela também". 
Após fazer o B.O em Mogi Guaçu, Franciane chegou a ir na delegacia de Jaguariúna, que hoje é responsável pela investigação do caso. Lá, ela teria recebido ameaças. "Me trataram muito mal também, sempre desacreditam da mulher, não acreditam em nada que a gente fala. Também sofri ameaça lá, falou assim: ‘cuidado porque eu também sou segurança de lá’. Uma mulher falou pra mim. Achei isso super errado". Lá, ela também não pode ser acompanhada de seus pais. 
Graves lesões após o estupro
A promotora e idealizadora do Projeto Justiceiras, Gabriela Mansur, que acompanha o caso de Franciane, disse que as lesões sofridas pela influencer após o estupro foram grandes. "Acabei de falar com a ginecologista, a Dra. Camila, e ela acabou de me falar que ficou impressionada com as lesões sexuais apresentadas por uma menina", afirmou. "Ela [ginecologista] ficou impressionada com as lesões, que eram muito graves", reforçou a influencer. 
Exame toxicológico comprova que Franciane foi dopada
Ainda segundo Gabriela, o exame toxicológico não foi solicitado pela Polícia Civil. Sendo assim, auxiliada pelo projeto Justiceiras, a jovem fez exames particulares de corpo de delito e intoxicação toxicológica, que comprovaram que ela foi dopada com “boa noite, Cinderela”. "Isso foi importante, essa comprovação, porque nós conseguimos no último dia. Conversei com o médico psiquiatra que é especialista em álcool e droga, Artur Guerra, e ele disse que até o sexto dia daria para pegar qualquer tipo de substância", alegou a promotora.
A profissional explicou ainda que, com o uso da droga, a vítima não perde a capacidade motora, mas perde a capacidade psíquica e fica incapaz de reagir a um ataque sexual. "Por isso às vezes filmam e falam: 'não, ela estava andando normalmente'. Sim, ela estava andando normalmente, como se estivesse no piloto automático, mas ela não estava nem sabendo onde ela estava, com quem ela estava, o que ela estava fazendo. E depois dá um apagão, e elas não vão se lembrar de muitas coisas, não vão se lembrar de nada”.
Apoio dos pais
O pai de Franciane marcou presença na atração e criticou a falta de apoio que eles têm recebido do Rodeio de Jaguariúna. "É difícil, até a gente falar. Somos pessoas humildes. A gente quer justiça, a gente quer esclarecer isso aí. Até agora não tivemos respaldo de ninguém. Só das Justiceiras, que estão nos ajudando", afirmou ele, que completou: "O rodeio, soltaram umas notas dizendo que entraram em contato, estão ajudando nós. Até agora ninguém ajudou nós em nada. Eu tô indignado porque, graças a Deus, a gente estamos de pé porque a gente crê muito em Deus, somos evangélicos. É difícil", lamentou.