Taís Araújo cita racismo ao explicar fama de metidaReprodução/YouTube
Taís Araújo abre o jogo sobre fama de metida: 'Se não me impusesse, seria atropelada'
Atriz relembrou comentário racista que ouviu de colega de profissão: 'Não está acostumado a ver negros em lugares de poder'
Rio - Taís Araújo foi a convidada do podcast "Quem Pode, Pod" desta terça-feira (2). Durante o bate-papo com Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, a atriz falou sobre a postura que tem para enfrentar o racismo e disse ser vista como "metida" por causa de seu comportamento.
"Escuto isso, sei lá, desde que saí da maternidade. As pessoas falam 'nossa, que garota metida'. Desde sempre! Na minha infância e adolescência, fatalmente tive que levantar meu nariz ou seria atropelada. Eu fui criada num lugar muito branco e muito de elite. Se eu não me impusesse, seria atropelada por todo mundo e não estava a fim de ser atropelada por ninguém", declarou a artista.
Em seguida, a esposa de Lázaro Ramos contou um episódio em que um colega de profissão fez um comentário racista nos bastidores de uma gravação. "Uma vez, um ator da Globo falou para mim: 'engraçado, eu não conheço nenhum negro bem-sucedido que não seja prepotente e arrogante'", começou. Taís logo acrescentou qual foi sua resposta ao homem que não identificou.
"'Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Será que é você que não está acostumado a ver negros em lugares de poder e só entende negros em lugar de subserviência e, se não for assim, acha que é prepotência?'. Ele não teve resposta. Eu lembro muito bem. Estava trancada dentro de um carro com ele fazendo uma cena", relembrou.
No ar como Clarice/Anita em "Cara e Coragem", Taís continuou explicando a forma como se comporta: "Se eu não boto limite nas pessoas quando acho que estão me atravessando, eu adoeço, mesmo. E as pessoas têm a tendência a atravessar a gente, todos nós. Se sinto que estou sendo desrespeitada, preciso botar limite na hora", declarou.
"Isso vem desde o Brasil colônia. Encarar uma população que foi sequestrada e escravizada com algum poder olhando para você no mesmo nível... você fala 'não, no meu subconsciente, no meu histórico, você tem que estar de cabeça baixa e dizer amém para tudo que eu falo, não pode levantar a voz'. Isso é uma questão que está na pele do brasileiro, correndo, tatuado. É um olhar que não está acostumado, mas vai ter que se acostumar", completou a atriz.
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