Rio - Chico Diaz é aquele ator que o público para e observa sua interpretação e entrega em cena - seja na TV, cinema ou teatro. Aos 66 anos, o artista estreia o monólogo "A Lua Vem da Ásia", inspirado na obra de Campos de Carvalho, no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea, Zona Sul, neste sábado (5). O espetáculo, interpretado e adaptado pelo ator, apresenta um personagem em busca de sentido em meio ao caos da existência.
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O desejo de adaptar o texto para o teatro veio da vontade de oferecer ao espectador uma possibilidade de reflexão profunda sobre o mundo que vivemos. "Apesar de ter sido escrito em 1956, se mantém vigoroso e atento no que diz respeito a condição humana, sua liberdade e consciência. Através de muito humor e irreverência, o texto nos coloca em xeque e também porque como é um diário escrito na primeira pessoa, traz muitas oportunidades para o intérprete", explica Chico.
Segundo Diaz, um dos momentos que mais chama a atenção e provoca reflexão é quando o público se dá conta que somente através da imaginação e da criação é que podemos ser realmente livres. "Tem um momento em que o personagem descobre que é através de um clown (personagem cômico), e sua devida filosofia, que ele pode suportar as provas de fogo a que é submetido pelas agruras do mundo e seu cotidiano", diz.
Protagonizado por um personagem múltiplo — Adilson, Leonildo, Astrogildo ou Ruy Barbo — o monólogo se constrói como um diário em cena. A peça é dividida em duas partes: a primeira revela o percurso do "Eu", onde o protagonista explora as vozes que habitam sua mente. Na segunda, ele parte para o percurso pelo mundo, confrontando uma realidade tão ou mais absurda que sua própria loucura.
O personagem vive em constante fluxo entre lembrança, invenção e delírio, e o ator diz que é um prazer ver que o texto e a montagem permitem isso ao espectador: "libertar-se através desse fluxo narrativo e delírico".
Com mais de 50 anos de carreira e inúmeros personagens, Chico conta como cuida da mente e usa principalmente a criatividade para essa função. "Tendo a criação como exercício diário, sendo pintando, lendo ou escrevendo. O exercício da imaginação é libertador. Análise e meditação também ajudam muito".
E diante de um personagem tão complexo no teatro, que vive confinado, mas viaja pelo imaginário para geografias improváveis, convocando o público como ouvinte atento de suas memórias e reflexões, será que o artista acredita que temos o controle absoluto sobre a nossa mente?
"Não, não temos controle. Podemos tentar ter, mas em um mundo tão complexo, invadido a cada segundo por mil informações, há que se ter muito cuidado", analisa o artista, que foi homenageado, em maio, pelo Ministério da Cultura do Brasil. Ele recebeu a Ordem do Mérito Cultural em uma solenidade que marcou também a reinauguração do edifício histórico do ministério e celebrou os 40 anos da pasta.
Novidade na TV
Após sua participação como padre Santo na novela "Renascer" no ano passado, Chico Diaz se prepara para lançar em breve a primeira temporada de "Os Donos do Jogo", série da Netflix. "E começar a gravar a segunda temporada. Estou lançando também 'Girassol Vermelho', longa-metragem de Eder Santos, filme que gosto muito e lendo um roteiro para filmar na Itália, mas ainda nada certo", detalha.
Em um momento com uma variedade de opções para os artistas na TV e no streaming, o ator, que coleciona mais de 15 novelas em seu currículo, admite que gosta do formato. "Gosto muito sim! A possibilidade de dialogar diariamente com um público nacional é uma experiência fascinante. O ator, o intérprete, deve sim passar por todos os suportes: televisão, cinema, teatro para melhor desenvolver os seus recursos", opina.
Serviço: A Lua Vem da Ásia Temporada: De 05/07/2025 à 31/08/2025 Sábados, às 20h30h, e domingos, às 19:30h Local: Teatro Vannucci - Shopping da Gávea Rua Marquês de São Vicente, 52 – 3º andar - sala 371 -Gávea Ingressos: a partir de R$ 60 Classificação: 14 anos Duração: 75 minutos