Fabiana Justusreprodução Instagram
"Acabei de terminar minha terapia e, gente, como eu chorei… como eu chorei nessa sessão. Mas é bom, é muito bom pôr para fora. No começo, logo depois que eu fiz o transplante e tudo mais, eu sentia muita dificuldade de acessar as minhas emoções", contou.
Diagnosticada com leucemia mieloide aguda em 2024, a influenciadora passou por um transplante de medula óssea e afirmou que enfrentou um bloqueio emocional após o tratamento.
"É um estresse pós-traumático"
Durante o desabafo, Fabi explicou que o corpo pode reagir de forma protetiva após um trauma intenso. "A terapeuta, inclusive, já falou que isso é um jeito do corpo se proteger. É como se fosse, aliás, não ‘como se fosse’, é um estresse pós-traumático de quem vive momentos tão difíceis como eu vivi e acaba se fechando para os sentimentos. É meio que o corpo falando assim: ‘Deixa eu desligar isso aqui por enquanto, porque eu não sei lidar com isso, para não dar um tilt, né?’. E aí, conforme eu vou fazendo minhas sessões de terapia, eu vou abrindo de novo esses sentimentos. E hoje, gente… eu me debulhei de chorar".
A empresária disse que o momento de reencontro com as emoções representa uma fase importante do processo de superação.
Reflexão sobre o pós-câncer
Fabi também falou sobre a sensação de que, para quem viveu o câncer, a cura física nem sempre significa o fim da jornada emocional. “Todo mundo à sua volta, depois que você tem um câncer e se cura, graças a Deus, sente que tudo voltou ao normal, né? Só que você, que é a pessoa que viveu aquilo, ainda está passando por tudo. Por exemplo: eu ainda vivo um tratamento de manutenção, ainda tenho muitos medos, ainda faço bastante exame, etc. Eu ainda não tô 100% como eu era… e acho que nunca mais vou voltar a ser quem eu era, né?”, disse.
A influenciadora afirmou que entende a sensação descrita por outras pessoas que passaram por experiências semelhantes. “As coisas não estão normais para mim ainda, embora, para todo mundo ao redor, claro, o turbilhão maior já tenha passado — graças a Deus. Então, todo mundo tem essa sensação de que a gente está 100% normal… e não é isso. Não é bem assim. Eu ainda lido com várias coisas que nem adianta ficar falando aqui, mas só quero dizer tudo isso porque sei que devem existir outras pessoas que também viveram problemas parecidos e sentem essa mesma coisa que eu estou sentindo.”
Fabi destacou o avanço da medicina e a importância de discutir o período pós-tratamento. "A medicina evoluiu muito, né? Ela está permitindo que as pessoas curem o câncer muito mais do que no passado. Então, até a literatura da psicologia não tem tanta coisa sobre esse pós. As pessoas ainda estão aprendendo a lidar com isso, porque é agora que tanta gente está conseguindo se curar. Se Deus quiser, cada dia mais.”
Ela também comentou sobre a solidão que muitas pessoas enfrentam após vencer a doença. "Esse pós acaba sendo um pouco solitário, sabe? Porque ninguém está dentro de você para sentir o que você está sentindo, e ninguém sabe direito o que você está sentindo. E eu tô feliz porque, pelo menos, estou conseguindo acessar essas emoções. Estou conseguindo pôr para fora. Estou conseguindo chorar. Teve uma época em que eu não estava conseguindo chorar, gente".
Processo de cura e autoconhecimento
Encerrando o relato, Fabi revelou que aprendeu a reconhecer a própria vulnerabilidade como parte da recuperação. “Porque eu me fechei muito, acho que inconscientemente, para me proteger. É isso. Só quis abrir a câmera e falar um pouquinho”, finalizou emocionada.



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